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Enviada em: 20/07/2018

"No meio do caminho tinha uma pedra", são palavras do escritor Carlos Drummond de Andrade, um dos principais representantes do Modernismo brasileiro, que evidencia a existência de dificuldades que funcionaram como barreiras vida do autor. De maneira análoga, no contexto brasileiro atual, os empecilhos para a doação de sangue podem ser encarados como "pedras" responsáveis pela estagnação de muitos, visto que a falta de informação, bem como a restrição da doação por determinados grupos sociais, são fatores que, por ocasionarem uma menor adesão popular à prática, impedem o avanço do Brasil no cenário da doação sanguínea.       Nesse contexto, no ano de 1964, o então presidente Castelo Branco instituiu a data 25 de novembro como o Dia Nacional do Doador Voluntário de Sangue, de modo a ressaltar a relevância deste no cenário local. Entretanto, hodiernamente, pouco é falado a respeito da prática de doação sanguínea, fato que contribui para o baixo índice de doadores regulares de sangue. Posto isso, dados da BBC Brasil mostram que, do total de material coletado anualmente, mais de 50% é destinado a pacientes específicos. Sendo assim, nota-se que, devido à pouca disseminação de informações sobre o assunto, muitos indivíduos realizam a doação apenas quando a necessidade vem de alguém próximo a eles, mostrando que a vontade de ajudar existe, porém, a falta de incentivo reduz a efetivação do ato.        Em segunda instância, se por um lado é necessário que a população seja melhor informada, por outro, abandonar estereótipos que contribuem para o reduzido estoque sanguíneo é também fundamental. Nesse âmbito, insere-se o pensamento proveniente dos anos 80, quando o auge da incidência de AIDS e a consequente morte de importantes nomes, como Cazuza, foram associados a práticas homoafetivas. Posto isto, desde então, os indivíduos homossexuais foram classificados como “grupo de risco” e impedidos de doar sangue caso tenham realizado práticas sexuais em um prazo de até 1 ano antes da doação. Contudo, a orientação sexual não pode ser considerada critério de exclusão, visto que a doenças também são transmitidas por cidadãos heterossexuais.        Urge, portanto, a adoção de medidas que solucionem o problema vigente. Destarte, é conveniente que a mídia incentive a prática, por meio da abordagem do tema em programas televisivos, a fim de conscientizar a população sobre a importância do ato. Ademais, cabe ao Governo alterar as leis que excluem os homossexuais da doação e investir em aparelhos que controlem com maior rigor todos os materiais coletados, com o fito de avaliar se o doador, independente de sua orientação sexual, é portador doenças. Quem sabe, assim, sejam reduzidos os obstáculos no caminho dos pacientes que necessitam de doação sanguínea, a nação progrida e seja contrariado o pessimismo da Era Moderna.