Materiais:
Enviada em: 21/07/2018

"A solidariedade é o sentimento que melhor expressa o respeito pela dignidade humana". Essa frase de Franz Kafka representa uma realidade que deveria ser melhor aplicada no que se refere à doação de sangue no Brasil, pois o país se encontra com um número de doadores abaixo do recomendado pela ONU devido a fatores- sociais e estruturais- que funcionam como obstáculos limitantes para a efetividade do ato de solidariedade. A priori, entende-se que a falta de conscientização é uma barreira eficiente para o processo de doação. Para Zygmunt Bauman, sociólogo polonês contemporâneo, as novas relações são pautadas na fluidez, isto é, na individualidade. Com isso, os sujeitos fazem cada vez menos uso da empatia, fato preocupante no que se refere à doação de sangue. Nesse contexto, a falta de propagandas públicas, que visem informar melhor sobre o processo, atua como um agente intensificador da individualização. Nota-se, em contrapartida, o entrave substancial relacionado ao grande número de normas. Para a Constituição Federal de 1988, todos os cidadãos são iguais, ou seja, não há distinção no que se refere à raça ou escolha sexual. Entretanto, uma das regras de doação de sangue impõe uma série de restrições aos homossexuais. Embora o Ministério da Saúde alegue que essas servem para evitar riscos e proteger o receptor, um grande número de bolsas de sangue poderiam ser consideradas caso houvesse uma maior flexibilização. Urge, portanto, que os estorvos supramencionados devem ser revistos para que o Brasil atinja o número de doações proposto pela ONU. Sendo assim, é imperativo que o Ministério da Saúde juntamente com a mídia televisiva propaguem informações mais esclarecedoras sobre o processo de doação e , assim, uma maior parte da população irá se conscientizar sobre a importância da doação, desmistificando preconceitos e promovendo aumento no número de doadores. Ademais, a OMS (Organização Mundial da Saúde) deve analisar as normas referentes aos homossexuais e, se possível, torná-las mais flexíveis a ponto de promover a isonomia. Somente assim, propagar-se-ão ideais semelhantes ao da frase do autor Franz Kafka.