Materiais:
Enviada em: 26/07/2018

Ao proibir a remuneração em troca da coleta de sangue para evitar colocar em risco a saúde das pessoas, o Ministério da Saúde deixou clara qual deve ser a real motivação para esta atitude: a solidariedade. Essa realidade, entretanto, entra em choque com a sociedade contemporânea que, segundo Zygmunt Bauman, é marcada por um forte individualismo. Ao somar-se isso à falta de informação sobre a importância dessa questão e uma herança histórica de preconceitos, fica claro o motivo de o Brasil não ter atingido a porcentagem ideal de voluntários segundo a ONU. Em períodos como os das Grandes Guerras, transfusões de sangue salvaram inúmeras vidas e as pessoas compreenderam a necessidade de realizar doações. Nos dias de hoje, a falta de compreensão e conscientização acerca disso é um dos principais fatores que limitam o aumento de voluntários no Brasil. A falta de informação sobre o assunto, principalmente desde a infância, pode fazer com que o país perca um possível futuro doador, que poderia salvar uma vida. Por outro lado, existem muitos que tem o desejo de ajudar mas são alvos de discriminações e preconceitos. As principais vítimas são os homossexuais que, mesmo não sendo explicitamente proibidos de doar, são geralmente impedidos por terem se relacionado sexualmente menos de doze meses antes. Isso exclui ótimos candidatos que, se formam casais monogâmicos ou fazem apenas sexo com o uso de preservativos, não estão se expondo ao vírus HIV. Portanto, medidas podem ser tomadas para que a coleta de sangue no Brasil seja otimizada. Em primeiro lugar, o Ministério da Educação deve fazer palestras anuais nas escolas com o objetivo de transmitir aos alunos a importância de fazer o possível para ajudar o próximo e a necessidade de existirem mais doadores de sangue no país. Além disso, cabe ao Ministério da Saúde rever as regras e proibições sobre as transfusões para que sejam feitas de maneira mais eficiente. Dessa forma, o país seria um exemplo a ser seguido internacionalmente e nos libertaríamos um pouco da realidade individualista de Bauman.