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Enviada em: 09/08/2018

O descobrimento dos anticoagulantes, no início do século XX, em Nova York, possibilitou a estocagem e a transfusão de sangue adequadas. Anos depois, durante as grandes Guerras Mundiais, o processo atingiu escalas exponenciais e se popularizou como ato de conscientização que pode salvar vidas. Apesar disso, a doação de sangue ainda enfrenta, no Brasil, estigmas, desafios estruturais e implicações legislativas arcaicas.      Porquanto, ainda é comum crenças brasileiras que envolvem a doação de sangue como ato que "vicia" ou é perigoso quanto à contração de doenças. Em contrapartida, em países vítimas de guerras e catástrofes, ao contrário do Brasil, a herança cultural favorece os índices de doadores. Por exemplo, no Japão e EUA, os números correspondem de 3% a 5% da população, índice considerado ideal pela Organização das Nações Unidas.     Além disso, o ineficaz investimento estrutural e logístico também implicam nas taxas insatisfatórias: apenas 1.8% da população brasileira é doadora, segundo dados do Ministério da Saúde. Nesse aspecto, bolsas de sangue são desperdiçadas e doadores encontram barreiras, tais como a quantidade reduzida de unidades móveis que facilitam a logística.                  Outrossim, a legislação brasileira desatualizada restringe a possível doação de 18.9 milhões de litros de sangue ao incluir que homens homossexuais só podem doar caso passem um ano sem transar com outro rapaz. O que é lamentável, já que, de acordo com o IBGE, 10% da população masculina é homo ou bissexual.        Destarte, cabe ao Ministério da Saúde a reavaliação das normas com relação aos homossexuais e o investimento de recursos para a melhoria da infra-estrutura. À mídia e à sociedade civil, compete a divulgação das vantagens da doação de sangue, tais como mini-checkup gratuito e isenção de taxas de inscrição em concursos públicos. Às escolas públicas e estaduais, implica o dever do debate em palestras e oficinas, como construção de cultura favorável ao tema. Somente assim, teremos cada vez mais indivíduos e cidadãos "sangue bom", conforme diz o dito popular. também o investimento, em âmbito estrutural,  - "agências transfusionais", espécie de filial dos hemocentros dentro dos centros médicos. Cabe a elas gerenciar o estoque das bolsas de sangue e fornecer assessoria técnica.