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Enviada em: 15/08/2018

O escritor austríaco Stefan Zweig, ao refugiar-se no Brasil em meados do século XX, escreveu um livro ufanista cujo título é até hoje repetido: "Brasil, país do futuro". No entanto, quando se observa  o baixo fomento à doação de sangue no Brasil, hodiernamente, verifica-se que essa profecia é constatada na teoria e não desejavelmente na prática. Nesse sentido, torna-se evidente o déficit informacional, bem como a necessidade de uma conjunta ação do governo com o corpo social para solucionar o impasse.    Mormente, é indubitável que a questão constitucional e sua ineficiência estejam entre as causas do problema. Segundo Benjamin Franklin, investir em conhecimento proporciona sempre os melhores juros. Contudo, no Brasil, o pensamento do escritor pouco se vale, pois os investimentos governamentais para o esclarecimento da população acerca da doação sanguínea são escassos. Por conseguinte, os mitos e o preconceito — disseminados pelos brasileiros — em torno do ato de doar sangue, torna-se cada vez  mais frequentes. Assim, somando-se ainda à teoria machadiana de o homem ser imoral, desprovido de virtudes e o pensamento determinista, em que o ser é produto do meio, tal mistificação, se não desconstruída, poderá permanecer, de geração a geração.    Outrossim, consoante a lei Newtoniana da Inércia, um corpo tende a permanecer em seu estado até que uma força atue sobre ele. Nesse interim, até que se promova uma conscientização e uma mudança de paradigmas na sociedade, a questão permanecerá inerte. Dessa forma, a utilização das instituições públicas e privadas para a realização de campanhas de incentivo à doação de sangue e o uso de meios para transmitir informações, poderiam aumentar o número de brasileiros doadores — segundo dados da Super Interessante, em 2014, 1,8% da população brasileira doou sangue, enquanto o ideal seria 3% —, entretanto, devido ao menoscabo governamental, isso não é firmado.    Urge, portanto, que indivíduos e instituições cooperam para mitigar a problemática. Destarte, o Ministério Público, em parceria com o Ministério das Comunicações, deve veicular campanhas de cunho educativo, transmitidas em diversos meios, como na TV, na internet e se utilizando de outdoors e cartazes colocados locais públicos, que explicite para a população: como funciona o processo de doação, como doar, onde doar e a importância de doar sangue; além de conceder subsídios fiscais para empresas que incentivarem os funcionários à doarem sangue, com o fito de que se aumente o número de doadores sanguíneos no país. Ademais, o Ministério da Educação deve instituir nas escolas e universidades, aulas e palestras, ministradas por profissionais da saúde, que desconstrua os mitos sobre a doação sanguínea. Assim, talvez, a profecia de Zweig torne-se realidade.