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Enviada em: 10/08/2018

Muito sangue e pouca circulação        A cultura egocentrista que tem se difundido no Brasil gera prejuízos diariamente. O estado crítico em que se encontram os hemocentros nacionais é fruto da falta de conscientização da população a respeito da importância da doação de sangue, aliado a políticas públicas restritivas e preconceituosas que lesam ninguém mais que o próprio povo.        Inicialmente, apenas 60% dos doadores brasileiros são voluntários, os demais são de reposição, ou seja, fazem-no por razões pessoais (dados da OPAS - Organização Pan-Americana de Saúde), denotando que a situação é ainda mais preocupante. Isso resulta da carência de cientificação da população sobre o tema, em que esta, comumente, só toma conhecimento da real necessidade quando passa a necessitar do insumo e percebe que os hemocentros estão com estoques escassos.        Além disso, há ainda a restrição ao homem gay que tenha realizado ato sexual com outro homem em um período antecedente de 12 meses, que fica impossibilitado de realizar a doação. Esta medida é, além de preconceituosa, irresponsável, já que exclui a possibilidade de uma parte significativa da população colaborar. É evidente que restrições são necessárias para um melhor controle sobre o sangue a ser repassado, no entanto estas deveriam incidir sobre um comportamento de risco, não sobre a orientação sexual de alguém.        Por fim, é necessária a aplicação de políticas de base que tragam à luz da população desde cedo sobre a importância dessa contribuição, com agentes de saúde indo às escolas conversar com as crianças sobre o tema. Junto a isso, repartições privadas precisam se aliar a luta e estimular a doação por parte de seus funcionários. A ampliação das vantagens aos doadores regulares pode funcionar como um atrativo e incentivar a prática. É preciso a revisão de políticas draconianas como a implementada aos homossexuais, aliado a melhorias na estrutura que viabilizem a doação tanto em grandes centros quanto em cidades interioranas.