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Enviada em: 20/08/2018

Segundo Lavoisier, "Na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma". Infelizmente, contrariando esse preceito do famoso químico francês, o que não têm se transformado é o quadro de baixos estoques de sangues nos hospitais e hemocentros do Brasil. Apesar de já divulgada o poder de uma doação de sangue salvar várias vidas, perpetuou-se ao longo do tempo a pouca demanda de doadores. Desse modo, se faz necessário entender quais são os empecilhos que dificultam os brasileiros praticarem esse ato que vai muito além de ser solidário, mas também de ser cidadão.  Primeiramente, é válido destacar que a falta de conscientização da população é uma das principais limitações para o aumento de doadores. Sob o ponto de vista histórico, o Brasil, diferentemente de países, como Haiti e Japão, não passou por grandes catástrofes que construíram uma cultura da importância da doação sanguínea. Aliado a isso, a baixa divulgação de informações sobre o procedimento cria um estigma social, como falsas conclusões de que doar doí, aumenta os riscos de contrair doenças e ter anemia. Assim, como a sociedade segundo o sociólogo Pierre Bordier, tende a incorporar as estruturas sociais que são impostas à sua realidade, naturalizou-se e reproduziu um descompromisso em doar sangue.  Ademais, outro fator que corrobora para o atual cenário é o obstáculo que os homossexuais enfrentam na doação. De acordo com a Organização mundial de saúde (OMS), os cidadãos que têm relações homoafetivas constituem o chamado "grupo de risco", pois, nos anos 80 ocorreu uma epidemia de HIV que atingiu principalmente essa parcela da população. Nesse sentido, o Brasil exclui a doação de homossexuais que tenham realizado sexo até o prazo de 12 meses. Contudo, esse não deveria ser um critério, mas sim a condição de saúde dos indivíduos, uma vez que os heterossexuais também podem transmitir a Aids. Com isso, tal grupo fica a margem de exercer esse ato social que salva vidas.  Fica evidente, portanto, a necessidade de acabar com as barreiras que interferem nas doações de sangue. Nesse sentido, o Ministério da saúde, utilizando-se da mídia deve divulgar campanhas para todas as faixas etárias, seja na televisão, internet, outdoor e até mesmo nas escolas, que exponha dados sobre a transfusões de sangue, destaquem sua importância e desmistifiquem informações sobre o tema. Ademais, o Governo em parceria com a OMS deveria alterar as leis que excluem os homossexuais da doação e investir em maiores aparatos tecnológicos que avaliem com maior rigor  a qualidade do sangue e averigue se o indivíduo é portador de alguma doença. Dessa forma, viveremos o melhor das transformações: os brasileiros se conscientizaram da importância de doar sangue e entenderam como um ato maravilhoso de solidariedade e cidadania.