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Enviada em: 03/11/2017

A Constituição de 1988 foi responsável pela implantação do Sistema Único de Saúde, o SUS. Porém, ainda que vise a universalização do atendimento, na prática, a falta de estrutura e atendimento permanecem.  Entretanto, as doações não são somente responsabilidade do Estado, pois devem partir da população, como a manutenção do estoque de sangue. Dessa forma, a precariedade desse recurso se dá não só pelo despreparo governamental, mas pela ausência de empatia e responsabilidade social.     Em primeiro plano, o Estado não aborda corretamente a doação sanguínea. Esse fato se deve pois, divulga-a como algo heroico, quando, no entanto, deveria popularizar o ato. Enquanto a desinformação social continua, aumentam os dados do portal "Fogo Cruzado" sobre o número de policiais e vítimas da violência ou de acidentes que podem estar precisando de sangue. Além disso, a abordagem com relação aos homens homossexuais está defasada, pois é preconceituosa, já que é de conhecimento público que o HIV não se restringe somente a esse grupo, então exclui-los é evitar um grande contingente de doadores e, ainda assim, não evitar totalmente a doença.         Além da questão informacional, como já mostrou o sociólogo e filósofo Zygmut Bauman em sua "Modernidade Líquida", a liquidificação dos interesses humanos, levando o consumismo para as relações interpessoais nos deixou menos empáticos com o sofrimento do outro. Isso se dá pela ausência de perpetuidade e aumento do egocentrismo na nossa sociedade, ou seja, o objetivo de vida de cada um passou a ser sanar seus próprios desejos. Consequentemente, só se nota a baixa nos estoques sanguíneos pelo país quando um ente querido ou alguém próximo dos indivíduos necessita da doação, gerando, normalmente, apenas doadores de reposição, que são aqueles que doam só em caso de necessidade iminente.          Em suma, medidas são necessárias para aumentar o número de doadores. Para isso, ao Governo Federal cabe investir em campanhas que durem o ano todo e, por meio das mídias, tornem a doação um hábito do brasileiro, mostrando, por exemplo, famosos doando nos períodos corretos. Além disso, cabe ao Ministério da Saúde reorganizar os impedimentos para a doação, aumentando o número de exames, mas abrindo espaço para os homossexuais, reduzindo a exclusão social. E, ainda, pode-se incluir na educação básica a importância, de forma didática, da transfusão sanguínea, para que as crianças cresçam sabendo que, quando se enquadrarem no grupo de doadores, têm o dever de ajudar.