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Enviada em: 03/11/2017

Em busca do excesso       Nos últimos anos, no Brasil, houve casos de “rolezinho” no hemocentro, isto é, jovens reuniam-se em grande número para doar sangue. Esses acontecimentos, todavia, aconteceram de forma pontual, haja vista que, no país, o que predomina é a falta de doadores (em 2014, pouco mais de 1,5% da população doou). Dentre os obstáculos que causam essa situação tem-se a distribuição desigual dos postos de coleta no país, e a falta do hábito de doar.     Nesse sentido, a ausência de pessoas nos postos de coleta é causada, em parte, pelo descomprometimento em doar sangue. Com efeito, nas grandes cidades, percebe-se uma “atitude de reserva”, termo utilizado pelo sociólogo Georg Simmel para identificar a indiferença e aversão das pessoas em relação às outras. Por conseguinte, a sensibilidade dos habitantes no que se refere à coleta de sangue é diminuída, o que faz com que eles não entendam que milhares de vidas dependem das ações deles.          Concomitantemente, em inúmeros municípios de menor porte não há hemocentros, o que impede qualquer tipo de coleta, mesmo que haja doadores. Tal quadro pode ser visualizado na região sul do estado de São Paulo: o Vale do Ribeira, que possui mais de dez municípios, acima de cem mil habitantes e, contudo, nenhum local para doar sangue. Destarte, a própria população local é prejudicada, uma vez que as pessoas têm de se deslocar até regiões que possuam hemocentros para receberem o sangue de que necessitam.         Portanto, para que o número de doadores de sangue no Brasil aumente, é imprescindível adotar medidas urgentes. No âmbito da infraestrutura, para que o alcance dos hemocentros seja ampliado até regiões distantes dos grandes centros urbanos, prefeituras municipais, em conjunto com seus departamentos de saúde, devem reivindicar verbas ao governo estadual e investir em postos de coleta regionais. Ademais, do ponto de vista social, instituições coletivas, como escolas, universidades e empresas, precisam atuar, por meio de palestras e campanhas, na intensificação do comprometimento de seus integrantes quanto à causa da coleta de sangue.