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Enviada em: 06/03/2018

Historicamente, o período da segunda guerra mundial foi marcado pelas frequentes campanhas de doação de sangue em virtude das pessoas feridas nos combates e, como resultado, tais campanhas obtiveram efeitos positivos em todo o mundo. Paralelamente, na contemporaneidade, observa-se que as ações frente a doação de sangue não obtêm o mesmo êxito que o período da segunda guerra. Nesse contexto, o lento pensamento coletivo funciona como um empecilho no que tangencia a problemática, o que configura um grave problema social.        Em primeiro plano, é significativo o acentuado ego dos indivíduos na atualidade. A partir disso, Zygmunt Bauman afirma que o individualismo é a principal característica da sociedade pós-moderna. Dentro dessa lógica, nota-se que as pessoas, motivadas por razões religiosas, culturais ou, inclusive, sem motivos específicos, acabam optando por não converterem-se em doadores de sangue, embora estejam consoantes com o princípios do processo. Por conseguinte, tal fato promove uma carência gradual na parcela de concessores de sangue.        De outra parte, a Constituição Federal de 1988 estabelece o princípio de isonomia, isto é, de igualdade entre todos perante a lei. Apesar disso, percebe-se que a exclusão de homossexuais do procedimento de transfusão é paradoxal aos preceitos estabelecidos pela Carta Magna. Sob esse aspecto, é importante salientar que há quase 30 anos esses indivíduos foram retirados do mapa mundial de doenças, inclusive as sexualmente transmissíveis, e, desse modo, todos os cidadãos são considerados suscetíveis aos riscos de doenças. Logo, a restrição estabelecida, além de configurar preconceito, impossibilita novas doações de sangue e o subsequente aumento nas filas de espera.       Portanto, para que as campanhas de doação de sangue no Brasil reflitam o sucesso daquelas veiculadas na segunda guerra, algumas medidas são imperativas. Nessa perspectiva, cabe ao Ministério da Saúde, em parceria com as prefeituras, promover ações que contemplem a doação de sangue, a exemplo de palestras com psicólogos, com o fito de mitigar inverdades relativas à problemática, de modo a funcionar como um mecanismo de conscientização coletiva. Só assim será possível descontruir preconceitos e, certamente, diminuir as filas de espera oriundas da ausência de doadores.