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Enviada em: 11/03/2018

A doação de tecido conjuntivo sanguíneo consiste em uma retirada voluntária para sua utilização por outro indivíduo, por meio de uma transfusão. Apesar dos avanços na medicina, no Brasil, ainda existem obstáculos para o fornecimento altruísta de sangue, que são consequências de uma sociedade utilitária e voltada para a satisfação egoísta de interesses próprios. Dessa forma, o grande número de doações repositórias e com propósitos de obter vantagens são obstáculos para a obtenção de resultados positivos nesse processo solidário.           Os doadores de reposições são aqueles que doam por razões pessoais, por exemplo, quando um amigo ou parente precisa de sangue. Sendo assim, o líquido responsável pelo transporte de nutrientes no organismo humano tem destino definido e não fica disponível para as eventuais necessidades de transfusão da população. Um estudo realizado pela Organização Pan-Americana de Saúde, no Brasil, revela que os doadores de reposições são responsáveis por 40% dos donativos sanguíneos. Logo, esse levantamento demonstra a falta de doadores voluntários, ou seja, aqueles que compartilham sem se importar com quem vai receber e, consequentemente, isso colabora para as carências de estoque dos centros transfusionais.           Ademais, ressalta-se o alto índice de pessoas que realizam a concessão sanguínea com o propósito de obter vantagens, tendo em vista que muitos vão aos hemocentros apenas para ganhar um dia de folga - previsto em lei. Esse comportamento é explicado pela Teoria da Sociedade Líquida, do filósofo e sociólogo Zygmunt Bauman, em que é defendida a ideia de relações sociais modernas serem pautadas por interesses subjetivos. Portanto, a baixa coesão de uma comunidade dificulta o desafio de tornar o sangue disponível suficiente para os atendimentos.           Urge, destarte, a efetivação de ações com o fito de combater os desafios para o fornecimento altruísta de sangue. Mormente, as instituições de ensino, responsáveis por garantir a aprendizagem de conhecimentos e valores necessários à formação cidadã, em comunhão com o Ministério da Saúde, devem preparar os jovens para serem doadores voluntários, por meio de seminários nas escolas que  abordam o tema e campanhas públicas de caráter informativo. Dessa maneira, o objetivo é aumentar o número de compartilhamentos voluntários de tecido conjuntivo sanguíneo. Concomitantemente, os veículos de comunicação em massa podem dar mais ênfase ao assunto, por intermédio de uma divulgação mais ampla da importância de doar sangue. Sendo assim, o propósito é reduzir as ações pautadas em interesses pessoais e aumentar a reciprocidade relativa ao assunto.