Materiais:
Enviada em: 22/03/2018

A taxa de doadores de sangue regulares mantida no Brasil, segundo o  Ministério da Saúde, é de 1,8% da população, aquém dos 3% esperado pela Organização mundial da Saúde (OMS). O baixo índice se reflete nas diversas campanhas que são feitas por iniciativa dos próprios pacientes, em busca de voluntários, e tem causas de cunho cultural e intelectual.        O ato de doar sangue ainda é coberto de uma robusta camada de mitos. Como Humberto Gessinger realça na canção " O sonho é popular", uma mentira repetida vira verdade, como é o caso da ideia da superprodução sanguínea após a primeira retirada, o que obrigaria o doador a ter que doar sempre, para manter o equilíbrio. Assim, embora algumas crenças sejam facilmente refutadas pela ciência, a força da repetição ainda as mantêm como autênticas e afasta dos hemocentros uma vasta parcela da população.       Além disso, pela lei física da Inércia, um corpo tende sempre a continuar em sua condição inicial. O enunciado foi proposto por Isaac Newton em sua primeira lei, e defende que para mudar o estado de determinado objeto, é preciso a intervenção de uma força externa. Levando o conceito para a sociedade, infere-se, então, que o Brasil, por não ter em sua história nenhum episódio marcante que impulsionasse a prática da doação de sangue - como guerras ou grandes epidemias-, só passaria a adotar tal costume após uma mudança substancial no pensamento dos indivíduos.         Isso posto, nota-se que a adequação à meta da OMS requer ações imediatas e a longo prazo. Para isso, o Ministério da Saúde, em parceria com as secretarias regionais, deve promover campanhas informativas e incentivadoras nas universidades, visando atingir o público jovem, haja vista a menor influência das tradições nesse grupo, assim como condições de idade e saúde adequadas à atividade. Não obstante, as escolas devem inserir em suas programações, palestras e dinâmicas que desmistifiquem a doação de sangue e ajudem a melhorar o panorama nacional.