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Enviada em: 27/03/2018

"O individualismo é uma das principais características–e o maior conflito–da pós modernidade".A frase defendida na obra "Modernidade Líquida",do sociólogo Zygmunt Bauban,parece fazer alusão ao comportamento humano na contemporaneidade,especialmente na atual sociedade da apatia,em que o fato de boa parcela social não se colocar no lugar do outro nas mais diversas situações parece inferir cada vez mais no modo de agir da população.Essa perspectiva,acerca dos obstáculos para a doação de sangue no Brasil,é fomentada,principalmente,pela herança histórico-cultural de uma sociedade preconceituosa,bem como pela ineficiente política estrutural e educacional no país.     Em primeiro lugar,a saúde pública no Brasil,de fato,é permeada por inúmeras dificuldades.Sob esse viés,a doação de sangue que deveria ser uma prática frequente é,de certa forma,barrada,ainda em pleno século XXI,pelos mais diversos preconceitos,em que,por exemplo,muitas pessoas pensam que o seu sangue vai acabar ou que vão contrair algum tipo de doença.Além disso,de acordo com a Organização Mundial de Saúde,perdem-se cerca de 19 milhões de litros de sangue por ano devido à restrição para a doação de sangue feita aos homossexuais,em que são considerados “grupo de risco”,devido à epidemia do vírus HIV,nos anos 80,só podendo doar,hoje,se estiverem dentro de um prazo de 12 meses sem quaisquer tipos de relações sexuais.    Em segundo lugar,tal cenário é consequência de fatores sócio-culturais,como a falta de informação,de profissionais qualificados,de distribuição igualitária de postos de coleta,entre outros,o que acaba por mitigar a importância do tema,bem como as crenças limitantes ligadas às tradições religiosas.A falta de informação corrobora indubitavelmente para o desconhecimento sobre a importância de se doar sangue, sendo  notório que as campanhas publicitárias não são frequentes e,consequentemente,sem uma maior divulgação à população,o número de doadores faz-se menor do que a real demanda e não há estoque de bolsas de sangue para eventos emergenciais,por exemplo.       Logo,a criação de uma coordenadoria integrada,com o Poder Público implantando postos de coletas nos mais diversos lugares,somados a profissionais qualificados,combatendo o medo que a população tem da tal prática,visto que a orientação sexual não deve ser usada como critério para seleção de doadores,pois,como critério de seleção deve ser usada a condição de saúde dos indivíduos,analisada de forma rígida,uma vez que a Aids também é transmitida por heterossexuais;com a sociedade e com as instituições educativas que,por meio de debates,de palestras,de campanhas publicitárias,fomentem o senso crítico do indivíduo acerca do seu compromisso com as outras pessoas através da doação de sangue,a tese do sociólogo Stefan Zweing,"Brasil,um país do futuro",poderá ser firmada na realidade. Mas só conseguiríamos chegar nesse ideal de 3% se o número de brasileiros que vão regularmente aos hemocentros dobrasse.