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Enviada em: 02/04/2018

O brasileiro é, de modo geral, solidário. No desastre socioambiental do município de Mariana, por exemplo, o grande número de água e alimentos enviados para a região simbolizou essa característica. Entretanto, o pouco engajamento na doação sanguínea tem representado o oposto do altruísmo. Nesse contexto, é importante avaliar os impactos da modernidade e da desinformação para que a solução seja encontrada.      Primeiramente, as doações são afetadas por fatores da contemporaneidade. De acordo com uma pesquisa feita pelo instituto Ipsos, 48% dos brasileiros medem o próprio sucesso pelo que tem. Dados como esse revelam um materialismo que, conforme a teoria da Modernidade Líquida do sociólogo Zygmunt Buman, produz o egocentrismo que suplanta o altruísmo. Consequentemente, o ato de doar sangue deixa de ser considerado importante pelo indivíduo que pondera as suas conquistas através daquilo que pode ser palpado.      Atrelado a esse hábito atual, os mitos que cercam a doação impedem que o número de doadores aumente. Seguindo a interpretação do comportamento humano proposta pelo biólogo Richard Dawkins no livro "O Gene Egoísta", o homem, do ponto de vista evolutivo, busca sempre a própria segurança. Com essa perspectiva, os riscos atribuídos à doação sanguínea, como o aumento de peso e a contração de doenças, acaba repelindo aquele que, na ótica de Dawkins, busca a autopreservação. Em razão disso, a solidariedade passa a ser praticada apenas nas situações de emergência.     Torna-se evidente, portanto, que o egocentrismo e a falta de informação são causadores dessa problemática que deve ser enfrentada. Com isso em mente, as escolas precisam, através das aula de Sociologia, destacar a responsabilidade social ao mesmo tempo que apresenta informações e visitações de quem foi salvo pela doação sanguínea. Assim, a cultura do egoísmo poderá ser desmantelada. Além disso, é imprescindível que o governo, através de propagandas na TV e panfletagens, elimine os mitos e destaque os possíveis benefícios para a saúde do doador. Dessa maneira, o medo será vencido e a participação aumentada. Apenas assim, a questão será solucionada.