Materiais:
Enviada em: 03/05/2018

Na mitologia grega, Sísifo foi condenado por Zeus a rolar uma enorme pedra morro acima eternamente. Todos os dias, Sísifo atingia o topo do rochedo, contudo era vencido pela exaustão, assim a pedra retornava à base. Hodiernamente, esse mito assemelha-se à luta cotidiana dos autistas brasileiros, os quais buscam ultrapassar as barreiras as quais os separam do direito a participarem ativamente da sociedade. Nesse contexto, não há dúvidas de que a inclusão social de pessoas com autismo é um desafio no Brasil o qual ocorre, infelizmente, devido não só à negligência governamental, mas também ao preconceito da sociedade.     Em primeira instância, é preciso observar que, a questão constitucional e a sua aplicação estão entre as causas do problema. Tal fato se reflete nos escassos investimentos governamentais em suporte nas escolas e em qualificação profissional, medidas que tornariam à sociedade mais inclusiva para os autistas. Destarte, Consoante Aristóteles no livro "Ética a Nicômaco", a política serve para garantir a felicidade dos cidadãos, logo verifica-se que esse conceito encontra-se deturpado no Brasil à medida que a oferta não apenas da educação inclusiva, como também da preparação do mercado de trabalho para melhor acolhimento dos autistas não está presente em todo o território nacional.    Outrossim, o preconceito da sociedade ainda é um grande impasse à  participação regular dos autistas no corpo social. Tristemente, a existência da discriminação contra autistas é reflexo da valorização dos padrões criados pela consciência coletiva. Contudo, segundo o pensador e ativista francês Michel Foucault, é preciso mostrar às pessoas que elas são mais livres do que pensam para quebrar pensamentos errôneos construídos em outros momentos históricos. Assim, uma mudança nos valores da sociedade é fundamental para transpor as barreiras  da inclusão de autistas na sociedade.      Fica evidente, portanto, que os empecilhos impostos a introdução dos autistas no âmbito social é fruto de políticas educacionais mal elaboradas e são intensificadas nos hábitos coletivos. A fim de que essa situação seja revertida, o Executivo Federal, por meio do Ministério da Justiça, deve instituir na rede pública o cumprimento da Lei 12.764, visando a efetivação do direito do autista a matrícula na instituição regular de ensino com benefício a acompanhante especializado, além de fornecer orientação profissional a fim de torná-los aptos ao mercado de trabalho. Como já dito pelo pedagogo Paulo Freire, a educação transforma as pessoas, e essas mudam o mundo. Logo, o Ministério da Educação (MEC), deve instituir, nas escolas e nas comunidades, palestras incluindo a participação discente, docente e familiar, mostrando a necessidade da desconstrução, por meio de uma educação crítica, dos estereótipos que prejudicam a harmonia social. Desse modo, a realidade distanciar-se-á do mito grego.