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Enviada em: 01/05/2018

Consoante a Declaração Universal dos Direitos Humanos, todos os homens nascem iguais em dignidade e em direitos e devem agir uns para com os outros em espírito de fraternidade. Entretanto, no que se refere à inclusão das pessoas com autismo no Brasil, tal declaração parece não ter validade perante o cotidiano do país. Nesse sentido, nota-se que existem desafios para a inclusão dos autistas brasileiros, seja pela saúde pública deficitária, seja pelo preconceito da sociedade.      Em primeiro plano, é válido analisar que a saúde pública no Brasil apresenta entraves para os representantes do espectro autista. De acordo com a Constituição Federal de 1988, em seu artigo VI, um rol de direitos sociais foi assegurado para toda a população, dentre eles, o direito à saúde. Todavia, esse direito é falho para o supracitado público, haja vista que existe pouco investimento em pesquisa para a área. Uma prova disso é que ainda não há um teste realmente eficaz que garanta um diagnóstico seguro para o cidadão autista, que muitas vezes recebe um diagnóstico duvidoso, sendo vítima de um sistema que precisa de melhoras estruturais. Desse modo, é fundamental que o Governo Federal incentive os programas de pesquisa na área médica.      Por outro lado, a sociedade costuma rotular tais indivíduos, gerando um preconceito velado. Conforme Sérgio Buarque de Holanda, em sua obra "Raízes do Brasil", a formação do pensamento brasileiro é denotada por uma cordialidade. Isso significa que tendemos a pensar e agir de modo que o emocional se sobreponha ao racional. Dessa forma, atitudes como estereotipar um autista, diminuí-lo por meio de apelidos e considerá-lo incapaz de socializar, trabalhar e estudar, confirmam o pensamento do historiador, uma vez que tais atitudes apenas reforçam o lado "cordial"; isto é, emocional, do brasileiro e corrobora para a continuidade do preconceito na sociedade. Sendo assim, a inclusão dessas pessoas se torna cada vez mais próxima da utopia e distante da realidade.      Em face do exposto, medidas governamentais e sociais são necessárias para ultrapassar esses desafios. Portanto, cabe ao Governo repassar uma quantidade maior de verba para o Ministério da Saúde para incentivar o financiamento de pesquisa médica no que diz respeito à procura de um diagnóstico concreto para o autismo. Ademais, urge que os cursos de saúde das Universidades Federais no dia 2 de Abril, dia mundial do autismo, promovam na própria universidade não só uma mostra multidisciplinar com atendimento exclusivo para autistas, como também palestras abertas ao público ministradas pelos alunos de psicologia e pedagogia, para conscientização acerca do preconceito velado. Com tais medidas, certamente, os desafios, mesmo que grandes, serão atenuados; pois, como disse Sartre, antes de concretizada, uma ideia tem uma estranha semelhança com a utopia.