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Enviada em: 11/05/2018

Durante o século XIX, o sociólogo Émile Durkheim disseminou pelo mundo o pensamento segundo o qual a sociedade funciona como um organismo vivo, ou seja, todos os seus componentes deveriam viver em harmonia para que fosse possível conquistar o bem-estar da coletividade. Entretanto, no Brasil a marginalização dos autistas vai de encontro a esse anseio, uma vez que restringe e desqualifica a vida de muitos. Desse modo, deve-se analisar a herança histórico-cultural que corrobora na segregação social junto ao processo de urbanização que dificulta a inclusão desse grupo na sociedade.     De acordo com o sociólogo Pierre Bourdieu, em sua teoria "Habitus", toda sociedade incorpora os padrões sociais e os reproduzem ao longo das gerações. De certo, a repulsa frente as pessoas com necessidades especias praticada pelas civilizações da antiguidade que até assassinavam os bebês com tais particularidades, impôs a dificuldade de lidar com quem é diferente, sendo assim, nossa sociedade incorporou essa imposição e naturalizou a marginalização dessas pessoas. Isso é notório em relação aos autistas brasileiros, à medida em que no estado do Rio de Janeiro, 48% dos autistas de 4 a 17 anos estão fora da escola, segundo dados da Revista Saúde e Sociedade.      Outrossim, no Brasil a lei nº 12.764 representa significativo avanço em termos sociais ao equiparar os direitos das pessoas com Transtorno do Espectro Autista e com deficiência. No entanto, a conturbada urbanização brasileira dificulta a inclusão e a garantia de tais direitos sociais. Em consonância na obra "Urbanização Brasileira", o geógrafo Milton Santos referencia que essa expansão ocorreu, primordialmente, sob interesse corporativistas devoradores do patrimônio coletivo. Sendo assim, muitas escolas deixaram de receber recursos para o desenvolvimento de uma educação inclusiva. Nesse viés cabe apontar que a falta de tecnologias assistivas junto a ausência de uma equipe de avaliação e apoio para os autistas é um reflexo da segregação social, visto que tais pessoas sem uma educação de qualidade vão estar distantes de uma vaga no competitivo mercado de trabalho.     Em suma, para o Brasil alcançar o ideal proposto por Durkheim no século XIX é imprescindível garantir a inclusão dos autistas na sociedade. Desse modo, é preciso que a mídia, como potente formadora de opinião insira programas de abrangência nacional em seu repertório que informe os cidadãos sobre o autismo, a fim de motivar a solidariedade, como também criar um senso de coletividade com a finalidade de incluir tais pessoas na sociedade. Ademais, é necessário que o Ministério da Educação através do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação, proporcione salas de aula adaptadas com tecnologia assistiva e professores de apoio para alunos autistas, a fim de garantir educação de qualidade, além de promover oportunidades sociais para tais pessoas.