Materiais:
Enviada em: 04/07/2018

Segundo o educador e filósofo brasileiro, Paulo Freire, a inclusão aconteceria não quando se aprende com as nossas igualdades, mas pelas nossas diferenças. Contrariando a filosofia do seu próprio patrono da educação, a realidade vivenciada por pessoas com autismo na sociedade brasileira demonstra a dificuldade que deve ser enfrentada para que a individualidade de cada cidadão seja uma oportunidade de aprendizado, e não mais uma forma de segregação. É importante, dessa forma, que discuta-se profundamente a respeito das raízes de tal cenário.   Em primeiro plano, é fundamental ressaltar que o conhecimento acerca da síndrome é, ainda, muito raso. Isso pode ser demonstrado quando se observa que o autismo passou a ser considerado uma doença pela Organização Mundial da Saúde há apenas vinte e cinco anos, período muito recente cientificamente. Já tratando-se na questão da legislação, no Brasil, foi somente no ano de 2012 que os autistas passaram a ter os mesmos direitos que outros pacientes com necessidades especiais assegurados pela União. Ademais, o investimento aplicado em pesquisas que busquem aprofundar nas informações conhecidas atualmente pelo homem é pouco, dado que o diagnóstico da doença é impreciso mesmo com avaliação genética.    Concomitantemente ao pouco que sabe-se sobre o autismo, a informação que a sociedade recebe a respeito também é mínima, dificulta a inclusão desses indivíduos. Tal realidade pode ser melhor analisada a partir de uma reportagem do jornal "BBC"  com um grupo de mulheres que descobriram ser autistas somente na fase adulta e que, sem saber ou entender suas condições, sofreram preconceitos durante toda suas infâncias e adolescências. Enfrenta-se, após o diagnóstico, também a falta de profissionais capacitados para realização de um tratamento contínuo e eficaz. Incluir esses cidadãos em nosso cotidiano é, portante, uma tarefa difícil a ser enfrentado pelos brasileiros.     Urge, dessa forma, a necessidade da tomada de medidas para corrigir a situação vivida pelos autistas no país. O Ministério da Educação deveria implementar obrigatoriamente nas universidades da área de saúde uma matéria específica para o estudo do autismo, a fim não somente de capacitar melhor os futuros profissionais no tratamento dessa síndrome como para atrair novos interesses na pesquisa dessa doença. Caberia a mídia, em especial a televisiva, investir em novelas e filmes que incluíssem personagens com autismo, demonstrando suas dificuldades em ser inserido em sociedade e, além disso, mostrando que todos têm o que aprender com eles. Espera-se, assim, que nossas diferenças não nos impeça de viver em uma comunidade onde todos sejam igualmente respeitados e inclusos, sem distinção, como desejava o professor Paulo Freire.