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Enviada em: 28/05/2018

Conforme defendeu o filósofo grego Aristóteles em sua obra “A Política”, o homem detém características que o configura como um ser social, a considerar a sua dependência interpessoal. Entretanto, no que tange ao Transtorno do Espectro Social (TEA), a dificuldade de relacionamento do portador com o coletivo - um dos principais sintomas da síndrome - evidencia a importância do fomento à inclusão. A partir disso, é válido pontuar como a negligência estatal e uma sociedade civil com pouca informação sobre o tema contribuem para a manutenção da problemática.      Em primeiro plano, a inobservância do Estado dificulta o exercício da isonomia de direitos para com os portadores de autismo. A esse respeito, não obstante a criação da Lei Berenice Piana em 2013 represente um marco imperioso na garantia de direitos aos portadores do TEA, a ineficiência em segmentos como a educação, dificulta a inclusão. Nesse sentido, a carência de investimentos, principalmente, na formação de profissionais capazes de lidar com os alunos autistas, impossibilita a integração desses ao restante dos alunos na educação pública. Dessa forma, um ensino integrador, na grande maioria, privado, aliado à clínicas de terapia comportamental é uma realidade que abrange somente as famílias de maior poder aquisitivo. Com efeito, a falta de profissionais especializados na rede pública de ensino, negligencia a formação dos alunos autistas e contrapõe o direito a uma educação inclusiva, proposta pela Magna Carta.      De outra parte, a falta de informação sobre o transtorno no corpo social também é um fator somatório para a problemática. Isso porque, a carência de debate acerca do autismo na sociedade dificulta o seu entendimento e transmite a ideia errônea de que a síndrome é pouco frequente no Brasil. Em decorrência disso, muitos pais têm dificuldade em identificar os principais fatores do transtorno, o que culmina em uma demora na procura de auxílio médico, resultando em um diagnóstico tardio. Conquanto a atuação da mídia em retratar - principalmente, nas novelas - casos de autismo, seja de extrema importância, as particularidades do transtorno exigem um debate mais explanatório.       Urge, portanto, a necessidade de ações capazes de assegurar a inclusão de pessoas com TEA no Brasil. Assim, o Ministério da Educação, deve por intermédio de mais investimentos, capacitar os profissionais da rede pública para que disponham de uma didática capaz de atender as necessidades dos alunos autistas, com o intuito de garantir uma educação mais inclusiva. Por fim, cabe a Associação Brasileira de Autismo (ABA) em parceria com a mídia, a difusão de campanhas explanatórias, que abordem o transtorno sob a ótica das suas particularidades e empoderem, principalmente, os pais, para que possam identificar possíveis casos, com o fito de informar e promover o diagnóstico precoce.