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Enviada em: 27/05/2018

A máxima o “inferno são os outros”, do filósofo existencialista Sartre exprime a individualidade e como os indivíduos não buscam se colocar no lugar do outro. Em consonância a essa ideia, os deficientes mentais, como os autistas, sofrem com a invisibilidade social no Brasil. Tal fato gera, entre outras privações, dificuldades nos âmbitos social, educacional e profissional.   Convém ressaltar, a princípio, que, muitas vezes, o diagnóstico de autismo é tardio, em consequência o tratamento é atrasado e dificulta a melhora do caso, pois o momento mais propício para esse é na infância, além disso, depois da identificação o preconceito é um grande empecilho que reprime e isola o indivíduo retardando a sua evolução. Isso, consoante ao pensamento de A. Schopenhauer de que os limites do campo da visão de uma pessoa determinam seu entendimento a respeito do mundo que a cerca, corrobora que segregados do cuidado necessário e do convívio social esses seres terão dificuldades na formação de seu intelecto e na coabitação grupal. Diante disso, vê-se, infelizmente, uma associação ao período Grego, em que deficientes eram considerados insignificantes, o que dificulta, ainda hoje, seu pleno desenvolvimento e autonomia.                                       Ademais, a inserção no plano educacional e profissional é um óbice, já que não há estrutura cabível para atender as demandas dos autistas, em virtude disso a participação efetiva do deficiente é ínfima o que dificulta sua inclusão. Essa conjuntura, alude ao “contrato social” de John Locke e sucinta sua violação, uma vez que o Estado não cumpre a sua função de garantir que tais cidadãos gozem de direitos básicos, com efeito há uma condição de maior exclusão e desrespeito. Dessa maneira, os deficientes veem-se em uma situação dual, já que é garantida na constituição seu enquadramento, porém as escolas e o mercado de trabalho não têm fundamentação para recebê-los o que demonstra despreparo e descumprimento da lei.                                                                          Evidenciam-se, portanto, significativas dificuldades na incorporação de autistas no Brasil, que lesam inúmeros cidadãos. Por conseguinte, as Secretarias municipais e estaduais devem treinar os professores e exigir uma política de cotas nas empresas, por meio de minicursos com os educandos e funcionários, com psicólogos especializados do assunto, para que com informações sobre essa deficiência possam propiciar um ambiente educacional e laboral adequado, pois somente com integração a barreira criada aos autistas será transpassada resultando em um país mais justo e igualitário. Outrossim, as emissoras de TV podem veicular comerciais instrutivos sobre o autismo, a fim de que a população tenha uma maior familiarização com o assunto e consequente redução do preconceito, pois com incorporação do indivíduo seu quadro tende a melhorar. Aumentam assim as chances de se alcançar um contraponto a filosofia de Sartre e uma cidadania mais pragmática e plural