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Enviada em: 21/05/2018

Sob o ponto de vista filosófico de São Tomás de Aquino, todos indivíduos participantes de uma sociedade democrática possuem o mesmo valor, além dos mesmos direitos e deveres. Contudo, é possível observar, no Brasil, uma problemática que contraria o pensamento do frade católico: a exclusão social e política de pessoas com autismo. Desse modo, faz-se um convite à sociedade a uma reflexão em relação às causas dessa mazela social.            Para se compreender esse complexo quadro, é necessário o entendimento de que a ineficiência governamental é precursora e propulsora dessa adversidade. Nesse viés, embora seja claro a importância de políticas públicas para se obter uma saúde pública de qualidade, é visto ,hodiernamente, uma situação diferente da esperada. Isso pode ser confirmado pela demora do diagnóstico de autismo, a qual traz como consequência a dificuldade de se amparar futuramente essas pessoas. Essa desmazela conjuntura se opõe à visão de Norberto Bobbio, sociólogo italiano do século XX. Para o pensador, a dignidade é uma qualidade intrínseca ao homem, conferindo-lhe o direito e respeito por parte do Estado. Nessa lógica, torna-se indubitável a importância do Governo, sobretudo no que tange a criação de medidas públicas que homologuem o direito dos cidadãos com autismo.              Outrossim, esse panorama é severamente agravado pela reprodução discursiva do preconceito, que se materializa em falas discriminatórias e se cristaliza em suas repetições nas interações sociais. Nesse sentido, expressões como "anormal", "maluco", "inquieto", compõem pejorativamente uma representação social negativa dos autistas. Ditas constantemente, elas reforçam o preconceito social contra essa minoria, que pode ser explicado pela visão do sociólogo francês Pierre Bourdieu, com ênfase no conceito de habitus. De acordo com o estudioso, são assimilados visões e modos de vida, pelas agências, como a mídia e a escola. Assim, enquanto essas instâncias não trabalharem contra essas manifestações discursivas, elas se perpetuarão nas falas dos brasileiros, eternizando a visão negativa relacionada aos indivíduos autistas.                Diante desse cenário, medidas são imprescindíveis a fim de atenuá-lo.Para tanto, o Governo Federal deve criar políticas públicas eficazes, com a finalidade de alcançar o diagnóstico precoce de pessoas autistas. Isso futuramente iria viabilizar a efetivação completa de todos os direitos desse grupo, assim como é previsto na constituição vigente. Ademais, o Ministério de Educação e Cultura (MEC) deve realizar campanhas conscientizadores nas escolas, com a finalidade de promover uma ideologia de menos preconceito. Dessa forma, será possível alcançar a visão idealizada por São Tomás de Aquino e as pessoas com autismo serão completamente incluídas no corpo social.