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Enviada em: 27/05/2018

A Organização das Nações Unidas (ONU) estima que existam 70 milhões de pessoas com autismo e, destes, 2 milhões são brasileiros. Com intuito de responder a essa demanda social em nosso país, em 2012 foi instituída a Política Nacional de Proteção de Direitos da Pessoa com Transtorno do Espectro Autista. Porém, apesar desta possuir diretrizes de intersetorialidade, participação na comunidade e atenção integral às necessidades de saúde, portadores e familiares ainda vivem dois grandes desafios no Brasil: sociocultural e de inclusão social.        O primeiro de cunho sociocultural é quem molda a forma com que a sociedade lida e vê as pessoas com autismo. Nesse sentido, temos por um lado estereótipos negativos, associando autismo a déficit intelectual e a uma pessoa “irrecuperável”, “é assim e pronto”, “castigo divino”; por outro, o oposto onde são vistos como “coitadinhos”, e que todos tem o dever de falar por eles. Infelizmente, ambos os extremos privam essas pessoas de sua dignidade e, por consequência, reforçam a exclusão.       O segundo, tange a inclusão, embasada no processo de desinstitucionalização e na Política Nacional supracitada, envolve além do aspecto sociocultural, as características do próprio transtorno. Uma vez que, de acordo com a Classificação Internacional de Transtornos Mentais (CID) da Organização Mundial de Saúde, é um transtorno do desenvolvimento que envolve anormalidade nas áreas de interação social, comunicação e comportamento repetitivo. E, mesmo para profissionais  da saúde experientes, é um grande desafio efetuar intervenções para melhoria da qualidade de vida desses pacientes. Pois parecem que vivem em um mundo mental paralelo, visão bastante divulgada no cinema e aceita pela maioria das pessoas como uma verdade. Todavia, não se justifica simplesmente os definir como marginalizados, “não-cidadãos” ou ainda jogá-los, figurativamente, em um abismo social, aludindo a prática comum a sociedades antigas grega, de sacrificar crianças com deficiências.        Velada ou não, a exclusão, segundo o Banco Mundial, baseado em evidências empíricas, além de injusta, incrementa a pobreza e impede o crescimento econômico. Desta forma, medidas são necessárias para resolver tal problema. Cabe aos Ministérios da Educação e da Cultura a criação de projetos a serem desenvolvidos em escolas, junto as comunidades, promovendo palestras, apresentações artísticas e atividades lúdicas a respeito do cotidiano e dos direitos das pessoas com espectro autista. Tendo-se como objetivo a conscientização da comunidade escolar e da sociedade em geral acerca do assunto e principalmente as potencialidades que estes têm a oferecer a sociedade. Apenas dessa forma, forma-se-ão cidadãos mais aptos à empreender o respeito ao diferente. Como defendia o filósofo Immanuel Kant: "O homem, não é nada além daquilo que a educação faz dele".