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Enviada em: 26/05/2018

Para o filósofo francês Montesquieu, "uma injustiça feita ao indivíduo é uma ameaça para toda a sociedade". No que tange aos portadores de autismo no Brasil, todavia, tais dizeres não parecem ser uma realidade, haja vista a difícil inclusão social de tal grupo devido a fatores como a exclusão educacional e a insuficiência pública na saúde. Primeiramente, embora a Legislação preveja a essas pessoas o direito à educação. Na realidade brasileira, entretanto, isso seria um luxo a esse grupo subjugado: a incapacitação das instituições e profissionais da educação em lidar com esses indivíduos compromete sua formação educacional, o que os obriga a ter de procurar os Centros para Autismo e Inclusão Social (CAIS) para ter atendimento pedagógico especializado. Apesar disso, esses centros são limitados, o que acaba por deixar muitos à deriva da formação regular que, por sua vez, segrega-os mais ou exclui completamente. Além disso, faz-se perceptível um atendimento sanitário estatal incapacitado. De acordo com Martha Hubner, professora do Instituto de Psicologia da USP, o tratamento mais adequado para atender a pacientes com autismo é a Terapia Comportamental (TC). Contudo, o trabalho de profissionais da saúde utilizando-se da terapia é ainda muito atrasado no país, em que sua oferta gratuita pelo Governo ocorre apenas nos Centros de Atenção Psicossocial (CAPs). Demonstrando, dessa maneira, uma política pública de saúde má pensada e excludente. Urge, portanto, a necessidade de promover efetivamente a inclusão dos portadores de autismo. Devido a isso, o Ministério da Saúde deve criar Centros de Referência para o diagnóstico e tratamento do autismo que devem contar com cursos de capacitação de profissionais da área de saúde para lidar com a problemática, além de serem centrais de informação a respeito da doença, a fim de atenuar as dificuldades enfrentadas por essa parcela da sociedade. Assim, a ameaça da injustiça como apontada por Montesquieu pode ser combatida no país.