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Enviada em: 26/10/2018

O conceito de indústria cultural, trazido pelo sociólogo Theodor Adorno, sugere que o modo de consumo, no sistema capitalista, é enviesado por uma padronização dos gostos e comportamentos da população. Exemplo desse fenômeno é a utilização em massa dos automóveis no século XX, sistematicamente induzido pela indústria automobilística. Embora, no século XXI, é crescente a tendência no mundo em adotar alternativas de mobilidade urbana de baixo impacto ambiental, vê-se, no Brasil, a fracassada manutenção da utilização do automóvel como principal meio de locomoção. Diante dessa perspectiva, cabe avaliar os fatores que favorecem esse quadro. A princípio, a escolha efetiva pelo modal rodoviário, no governo de Juscelino Kubitschek, reverberou no planejamento viário das cidades brasileiras. Um exemplo disso é a estrutura urbanística de Brasília: construída no governo supracitado, ela tem largas avenidas e vias expressas, denotando seu caráter rodoviário. Ademais, tal governo viabilizou a massificação da utilização de carros e a construção de uma infraestrutura voltada pra eles, a exemplo das marginais que cerceiam os rios Pinheiros e Tietê, na cidade de São Paulo. De caráter imediatista mas com efeitos de longo prazo, esse projeto de governo inviabiliza, até hoje, formas alternativas de mobilidade urbana no Brasil. Faz-se mister, ainda, salientar a dependência por automóveis como outra barreira para implantar uma mobilidade sustentável. Um exemplo disso foi a política de caráter populista promovida pelo Governo Lula, a qual isentou o IPI (Imposto sobre Produtos Industrializados) de automóveis como forma de aquecer a economia. Tal proposta denota como os carros está incrustado na sociedade brasileira e em seus gostos particulares, como também a negligência do governo quanto aos impactos ambientais da utilização desse meio de transporte. Consequentemente, esses fatores dificultam a transformação da mobilidade urbana, dado o caráter negligente do governo com as responsabilidades ao meio ambiente. Infere-se, portanto, que é imprescindível a mitigação dos desafios para a concretização de uma mobilidade urbana sustentável. Para que isso ocorra, o Ministério das Cidades deverá criar um plano nacional de mobilidade urbana sustentável. Tal proposta se dará pela formação de uma linha de crédito que financie programas de mobilidades em cidades que incentivem o uso de bicicletas e transporte público, a fim de dirimir o uso de carros. Consoante, o Ministério dos Transportes deve redirecionar a matriz viária brasileira. Isso poderá ser feito por meio de parcerias público-privadas para a construção de linhas ferroviárias, hidroviárias e aeroviárias, a fim de que de diminuir a dependência brasileira pelo sistema rodoviário. Assim, com essas intervenções, o Brasil poderá superar os desafios de construir uma mobilidade urbana eficiente e de baixo impacto ambiental.