Materiais:
Enviada em: 18/03/2017

Os meios de transporte são responsáveis, em tese, pela redução da distância-tempo, pela locomoção de pessoas e mercadorias e pela integração nacional. Entretanto, a manutenção do culto ideológico ao carro e a precarização dos investimentos governamentais em modais de baixo impacto ambiental,agravam os desafios da mobilidade urbana no Brasil. Desse modo,tais problemas promovem o aumento progressivo da saturação das vias, bem como da emissão de gases poluentes.   Cabe ressaltar,inicialmente, que a propagação, pela Indústria Cultural, de ideologias intrínsecas ao consumo de automóveis, tais como: aquisição de fama, poder e prestígio social, contribui para a escolha imediata e naturalizada dos brasileiros pelo carro, em contraposição à bicicleta, por exemplo.Além disso, verifica-se que a redução do Imposto sobre produtos industrializados (IPI) potencializa a compra dos carros, em detrimento da subutilização de transportes mais sustentáveis. Com isso, é perceptível que a ausência de comerciais e propagandas interessadas na divulgação da venda de diversos modelos de motocicletas, evidencia a busca exacerbada das empresas pela maximização dos lucros, provenientes de produtos com alto valor agregado.   Destaca-se, ainda, que a implementação equivocada do rodoviarismo no Brasil, facilitada pela instalação de montadoras automobilísticas e pela construção de rodovias nacionais durante o governo de JK, é um dos fatores responsáveis pela secundarização da importância da estruturação de ciclovias no país. Nesse contexto, analisa-se que parcela significativa das pistas cicloviárias construídas no território brasileiro, encontra-se em condições de funcionamento e manutenção distantes do padrão de desenvolvimento encontrado nas cidades holandesas e parisienses. Sob essa ótica, observa-se, também,  que o descaso estatal,  presente na fiscalização insipiente do código de trânsito, sobretudo, quanto aos direitos dos ciclistas, colabora para ampliar as dificuldades de adoção de modelos de transporte que reduzam o impacto ambiental, tais como: o modelo cicloviário.    Sendo assim, constata-se que a perpetuação da cultura ideológica e industrial do carro, associada à falta de interesse estatal quanto a introdução de modais alternativos e sustentáveis, são elementos contribuintes para o subaproveitamento do transporte cicloviário. Faz-se necessário, portanto, que as empresas, responsáveis pela produção de bicicletas,através de propagandas e anúncios de desconto, estimulem o uso desse veículo no cotidiano dos brasileiros, a fim de reduzir a emissão de gases de efeito estufa na atmosfera.  É fundamental, ainda, que o setor governamental de transporte disponibilize mais verbas para a projeção e construção de ciclovias adequadas à realidade brasileira e ao meio ambiente, por meio da contratação de engenheiros, administradores e arquitetos capacitados.