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Enviada em: 29/08/2017

Cidades Doentes         O organismo humano é constituído por órgãos e sistemas, cada um com funções específicas, que de forma integrada resultam em um funcionamento corporal harmonioso. Analogamente, a mobilidade urbana consiste em um sistema que integra um organismo, também complexo, chamado cidade. No entanto, percebe-se que no Brasil, muitas delas adoeceram ou estão adoecendo,devido em grande parte à ``imobilidade`` urbana. Assim, repensar nas causas desse problema é imprescindível para que medidas de recuperação sustentáveis sejam adotadas.         Em primeira análise, muitas cidades brasileiras cresceram sem qualquer planejamento urbano. Um fenômeno decorrente disso, é o engarrafamento, que devido ao excesso de veículos, principalmente carros, combinado a um ineficiente sistema de transporte público, culmina em uma situação de caos permanente. Desse modo, as consequências disso não ficam restritas ao tráfego urbano, mas acarretam inúmeros problemas ambientais como inversão térmica e poluição; e de saúde pública, como doenças cardiorrespiratórias. Tem-se então, o início dos primeiros sintomas da disfunção dos sistemas ambiental, econômico e social.         Além disso, pensar em práticas sustentáveis priorizando os deslocamentos não motorizados é primordial. Muitos se esquecem que grande parte dos deslocamentos são realizadas por pedestres e ciclistas. No entanto, muitas vezes as condições de infra-estrutura não estão adequadas ou simplesmente estão segregadas nos centros urbanos. Por conseguinte, isso acarreta na falta de segurança e conforto dessas pessoas, tornando-as mais vulneráveis a acidentes, que podem ser causados não somente pelos conflitos entre pedestres e veículos, como também entre os pedestres e os demais obstáculos presentes no seu espaço de circulação.        Portanto, é preciso que as cidades doentes adotem terapias para que possam iniciar um processo de reabilitação. Para estimular os deslocamentos a pé ou de bicicletas, o Ministério das Cidades deve criar espaços setorizados de apoio à população, para que possam atender as demandas de cada região, seja o nivelamento de calçadas, retirada de obstáculos, bem como a construção ou manutenção das ciclovias e ciclofaixas. Cabe também às prefeituras, investir em transportes públicos e utilizar a mídia para sensibilizar os cidadãos o quanto o estresse urbano pode ser prejudicial. Nesse sentido, se o programa de mobilidade urbana apostar nas inter-relações entre os diversos setores, essas cidades poderão resgatar a sincronia que um corpo humano saudável possui.