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Enviada em: 14/09/2017

O Brasil, país de muitas faces, teve em 1928 a anunciação do poema-escândalo de Drummond, que relatava a existência de uma pedra no meio do caminho, escusa às relações capitalistas. A pedra, metáfora do escritor, desafia hodiernamente as autoridades brasileiras a proporem soluções para a mobilidade urbana, chaga social e contemporânea, que tem suas raízes em fatores históricos, sociais, mas também ideológicos.                             Em primeiro plano, é válido ressaltar que a ineficiente política de transporte brasileira teve início ainda no século XX, pois os planos desenvolvimentistas propunham um acelerado crescimento, que não era acompanhado no mesmo viés das políticas de planejamento público. A exemplo disso, o Plano de Metas de JK – “Governar é abrir estradas”, nutrido com capital estrangeiro, contribuiu em disseminar a ideologia de que o automóvel era símbolo de desenvolvimento. Além disso, a acelerada industrialização nesse período ampliou a construção de estradas, que funcionaram como suporte para rodagem; em contiguidade, o Brasil conhecia mais uma face: o “boom” veicular, que abriu as portas do desenvolvimento, mas foi contrariado pela má aplicação das gestões anteriores, como é observado cotidianamente nas vias brasileiras.                                                                                  Em segundo plano, é importante destacar que os problemas de mobilidade não se limitam aos veículos. A constante emissão de poluentes fósseis desafiam esferas sociais, que buscam alternativas para o problema. Isso se torna evidente, ao observar Enrique Peñalosa, prefeito de Bogotá entre 1998 e 2001, que criou 1100 parques e fechou avenidas inteiras, priorizando o desenvolvimento sustentável e a exclusão do excedente de automotores em detrimento das fontes limpas para de locomover. Nessa premissa, o sociólogo Émile Durkheim afirma que o indivíduo é mais que formador da sociedade, mas seu produto final, destacando a necessidade evidente em gerar na sociedade o conhecimento entre o supérfluo e necessário ao desenvolvimento.                                                Em suma, é preciso erradicar o problema da mobilidade urbana no Brasil. Para isso, seria conveniente incentivar o uso de transportes alternativos, a fim de minimizar os impactos ambientais, ainda dificultar e diminuir as vagas de estacionamento público, também,  limitar a quantidade de gasolina vendida por veículo. Ademais, é necessário desconstruir a ideologia do “status” por meio de propagandas e debates, levando as pessoas a utilizarem o “desenvolvimento” de forma consciente, para que as futuras gerações não paguem por esse dano e o Brasil seja um país socialmente melhor.