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Enviada em: 15/09/2017

Ao escrever "Quando as crianças brincavam no meio da rua. Não havia ainda automóveis e os adultos conversavam de cadeiras nas calçadas.", o poeta Manuel Bandeira, em seu poema "Recife", permite uma séria reflexão acerca da mudança de hábitos na cidade por causa do aumento da frota de veículos. Dessa forma, a falta de mobilidade urbana é um impasse contemporâneo no Brasil e, nesse contexto, deve-se analisar como o aumento no uso de veículos individuais e o poder público causam tal problemática e como combatê-lo.            A princípio, é indubitável que o aumento no uso de automóveis próprios é a principal responsável pela falta de mobilidade urbana que atinge, principalmente, as grandes metrópoles. Isso ocorre porque as pessoas estão cada vez mais procurando comprar seus próprios veículos, um vez que os transportes coletivos oferecidos pelas cidades são precários e não atendem as necessidades de cada um. Dessa forma, contrariando a Constituição Federal, que tem como uma de suas garantias fundamentais o direito de ir e vir aos cidadãos, a quantidade de carros nas ruas aumenta e, consequentemente, o tempo no trânsito passa a ser algo evidente. Como resultado, além dos engarrafamentos, a emissão de gases que intensificam o efeito estufa aumenta e, lamentavelmente, causa danos à natureza, ocasionando o derretimento das calotas de gelo.           Outrossim, nota-se, ainda, que o poder público causa a manutenção da falta de mobilidade urbana. Isso decorre da falta de investimentos nos transportes coletivos, ônibus e metrôs, gerando superlotação, principalmente nos horários de pico, falta de segurança e poluição sonora, na qual diminui a vontade das pessoas em usá-los. Ademais, os portadores de necessidades especiais enfrentam problemas, visto que a acessibilidade está diretamente ligada à mobilidade urbana: não há acesso se não há planejamento e aplicação de medidas inclusivas. Dessa forma, fica claro que essa insuficiência afeta a população em vários níveis, chegando até mesmo a provocar, por exemplo, males advindos do estresse, segregação e acidentes.           Torna-se evidente, portanto, que a mobilidade urbana deve ser assegurada à todos. Em razão disso, o Governo de cada Estado, principalmente das grandes metrópoles, deve investir em ciclovias e em campanhas de incentivo ao uso delas, afim de que o fluxo constante de automóveis nas ruas caia. Ademais, cabe à Receita Federal fornecer subsídios para a manutenção dos transportes coletivos, investindo em segurança e em uma maior acessibilidade por parte dos portadores de necessidades especiais. Por fim, o MEC deve promover palestras em escolas e universidades, transmitindo informações acerca desse problema e abordando soluções que devem ser seguidas pelos cidadãos.