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Enviada em: 18/09/2017

Durante o processo de urbanização brasileira, governos como o de Juscelino Kubitschek e o Militar, priorizaram, para desenvolver a economia, a construção de rodovias. Contudo, nos tempos hodiernos, não ter desenvolvido a diversidade dos modais de transportes tem afetado não só a economia, mas também a qualidade de vida da população. Por isso, discutir a organização do tráfego no Brasil, é medida que se impõe, atentando aos efeitos da concentração de serviços nas áreas centrais e à precarização do transporte público.       Mormente, Países emergentes como o Brasil, com efeito, tiveram sua industrialização tardia e urbanização desordenada. Conforme o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), em 1950, o país era predominantemente rural, já em 2017, 80% da população encontra-se nas cidades. Tais dados, somados ao fato do baixo investimento em intermodalidade de transportes, descortinam, sob a óptica de Karl Marx, em que o capital determina as organizações sociais, os motivos da concentração de bens e serviços nas áreas centrais e o consequente inchasso do trânsito nas dependências próximas. Dessa forma, quanto mais pessoas vivendo às dependências de um grande centro, devido a dificuldade em distribuir a oferta, maior será o dispêndio de tempo para efetuar as tarefas e a circulação de pessoas.       Outrossim, segundo Zygmunt Bauman, em tempos de modernidade líquida, o imediatismo das necessidades individuais alimentam um ciclo de consumo prejudicial ao corpo social. Nesse sentido, no Brasil, o sonho do carro próprio, somado ao crescimento da classe média, contribuem para consolidar no senso comum a figura do transporte coletivo como serviço pertencente as classe econômicas mais inferiores, justificando, desse modo, sua precarização. Além disso, a forte dependência da economia brasileira em relação a petrobras e empresas privadas, faz com que o consumo de veículos seja facilitado através da redução de impostos, aumentando, assim, a demanda por combustível e asfalto.        De modo exposto, percebe-se a relação direta entre rastilhos históricos  da urbanização brasileira e o inchasso do trânsito atual. É mister, portanto, que o Ministério do Planejamento, incentive por meio da isenção de impostos a descentralização de determinados tipos de serviços, como industrias, e que essas ofertas possam ser oferecidas sob demanda, diminuindo o trajeto e a duração do transporte da produção. Ademais, é imperativo, ao Ministério dos Transportes, o investimento em ônibus coletivos para atender as demandas da população e melhorar os serviços prestados, além da ampliação da variabilidade dos modais durante a distribuição de produtos e serviços. Somente assim, a produção e a oferta de serviços e produtos, bem como a locomoção, funcionaram a serviço da qualidade de vida da população, poupando tempo, dinheiro e saúde.