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Enviada em: 21/09/2017

Zygmunt Bauman, o sociólogo, traz uma análise de como o individualismo tem sido valorizado pelas relações humanas na chamada “modernidade líquida”. De forma análoga, a mobilidade urbana se torna um grande problema no Brasil quando, não considerando os interesses coletivos, o Estado não prioriza tal questão, e também, adotando a cultura do carro, o brasileiro supervaloriza o transporte individual.        Primordialmente, é sabido que uma industrialização tardia e acelerada, associada à falta de planejamento urbano e à herança histórica da valorização rodoviária são os principais fatores políticos responsáveis por tornar a mobilidade urbana um desafio brasileiro. Dessa forma, se torna claro que a atenção devida à questão do transporte no Brasil, principalmente devido à sua história, ainda é insuficiente.          Sob essa análise, é claro ver a raiz do problema na seguinte contradição: os investimentos do Estado geram um transporte público de péssima qualidade, bem como vias urbanas mal planejadas e estradas de difícil locomoção, ao passo que há incentivos governamentais ao transporte individual, por meio de redução de impostos sobre carros e concessão de mais crédito ao consumidor, o que além de agravar os congestionamentos, intensifica problemas ambientais, como o aquecimento global.            Ademais, vê se na sociedade uma forte presença da chamada cultura do carro, na qual adquirir tal bem é um quesito para o sucesso. Tal fator recebe forte influência da política de JK – anos 1950/60 – onde houve grande incentivo à indústria automobilista no Brasil. Segundo o Observatório das Metrópoles, a frota de veículos duplicou nas grandes cidades brasileiras nos últimos dez anos, ao passo que o crescimento populacional segue em ritmo menor consideravelmente.         Diante da problemática, é evidente que medidas para esse foco devem estar nas pautas de prioridade do Brasil. O Ministério dos Transportes deve voltar investimentos ao transporte público, elevando sua qualidade, bem como fazer cumprir a lei por meio de fiscalização nas estradas brasileiras, melhorando seu acesso e dinamismo. Além disso, o CONAMA deve investir em campanhas midiáticas e escolares que tragam à população informações úteis sobre a questão ambiental dos transportes individuais. Dessa forma, garantir a mobilidade urbana deixará de ser um desafio no país.