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Enviada em: 22/09/2017

Ainda no século XX, sob influência das indústrias automobilísticas, o rodoviarismo de JK alterou a matriz de transportes do Brasil. Passadas décadas desde esse fenômeno, o país apresenta forte herança histórica do acúmulo de investimentos no rodoviário que reflete nas graves dificuldades de locomoção no trânsito brasileiro. Fatores de ordem estrutural, bem como econômica, expressam a urgência de mudanças nesse cenário.     É importante pontuar, de início, a caótica situação das cidades brasileiras. Em decorrência de um rápido processo de urbanização observado a partir de 1940, o meio urbano é marcado pela desordenada distribuição das ruas, que fomenta os desafios da mobilidade no país. De maneira análoga, tem-se a precarização do serviço de transporte coletivo, caracterizado pela superlotação e ausência de manutenções, que afasta os cidadãos do seu uso. Tal fato pode ser ratificado por pesquisa recente da Rede Nossa São Paulo, em que 80% dos paulistanos utilizariam o transporte público se este fosse melhor.    Outrossim, têm-se os valores sociais atrelados aos automóveis. À guisa de Marx, em um sistema capitalizado, a mercadoria é fetichizada, assumindo um forte poder simbólico. Esse fenômeno é amplamente percebido no Brasil contemporâneo, em que o carro tornou-se sinônimo de prestígio e ascensão na sociedade. Porém, essa visão acerca do transporte individual traz graves consequências ao meio urbano, como a abordada pelo portal Mundo Educação, em que na cidade de São Paulo um cidadão pode passar até 45 dias do ano no trânsito.    É notória, portanto, a relevância de fatores estruturais e econômicos na problemática supracitada. Nesse viés, cabe aos governos municipais, em consonância com profissionais da área, a realização de reformas urbanas a fim de melhorar a mobilidade nas cidades. A ideia da medida é, a partir da construção de vias e investimentos em outros modais de transporte, reduzir os impasses decorrentes de um meio urbano caótico. Ademais, cabe ao Ministério do Transporte a melhoria do serviço de locomoção. Esse projeto deve contar com a disponibilização de mais veículos coletivos e com a manutenção destes para estimular o uso desse meio pelos brasileiros. Por fim, as escolas, em parceria com a mídia, devem desconstruir o fetiche acerca dos carros no país. Tal intervenção pode ser efetivada por meio de palestras e debates nas salas de aula, além de telenovelas e propagandas que abordem o assunto, com o intuito de construir uma sociedade mais consciente das consequências do transporte individual.