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Enviada em: 24/09/2017

Durante a década de 50, no governo JK, houve um intenso incentivo à entrada da indústria automobilística no Brasil, assim como ampliação da malha rodoviária, a fim de integrar o território nacional. Essa preferência, no entanto, consagrou paradigmas reforçados pela força de costume, como o uso intensivo de automóveis na rede urbana. Nota-se, portanto, que os desafios observados nas cidades brasileiras estão intrinsicamente ligados à má gestão pública, bem como aos hábitos de cada indivíduo.      Importante salientar, primordialmente, que o modelo de urbanização inerente ao Brasil foi anômalo e pautado por uma intensa metropolização. Nesse sentido, a macrocefalia urbana é decorrente desse modelo, ou seja, o inchaço urbano, aliado  à precariedade na oferta de serviços públicos, comprometeu a interligação da região metropolitana. A ineficácia parte de uma logística que, muitas vezes, descarta a possibilidade de uma análise minuciosa do espaço geográfico em questão, desconsiderando, portanto, suas especificidades. Aliado a esse ponto, a própria rotina imposta pelo trabalho provoca um intenso fluxo de pessoas dirigindo-se aos mesmos centros em dada hora, dificultando, por consequência, o movimento pendular e intensificando o caos urbano.      Outra análise a ser feita é sobre o aspecto comportamental dessa problemática. O ideário do carro enquanto símbolo de liberdade e autonomia foi construído sob o alicerce de um forte apelo publicitário. Utilizando desse artifício, as empresas automobilísticas conseguiram o que pretendiam: esse veículo, de longe, é o mais utilizado, não só por uma questão pragmática, mas até mesmo por status. Tal hábito dificulta um projeto que vise a atenuação dos congestionamentos urbanos, visto que, apesar da precariedade do transporte público ser um fator importante, poucas pessoas estão dispostas a deixar de lado a comodidade de usar o carro.       Para que se reverta, portanto, esse cenário, são necessárias políticas voltadas para a otimização do sistema de transportes urbanos. Primeiramente, deve haver, por parte da iniciativa privada, o aprimoramento de aplicativos de carona solidária, ou como já ocorre com o Uberpool. O governo apesar de ser responsável por políticas voltadas para a mobilidade, entrega o projeto para empresas privadas através de concessões, logo, é necessário que haja uma convergência de interesses, além de uma responsabilidade compartilhada. Partindo das prefeituras, conforme já ocorre em São Paulo, o rodízio de placas torna-se uma alternativa viável no intuito de diminuir o fluxo de transportes individuais. Para o transporte público, essas devem aprimorar as vias exclusivas e expandir mecanismos como o bilhete único a fim de integrar de maneira mais eficiente as diversas regiões do núcleo urbana. Dessa maneira, a sociedade civil terá gradativamente um cotidiano menos conturbado.