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Enviada em: 16/10/2017

Segundo o geógrafo Milton Santos, "o simples nascer investe o indivíduo de uma soma inalienável de direitos". No entanto, muitas pessoas são privadas desses direitos, como o de ir e vir. Assim, um dos problemas em questão no Brasil é a falta de mobilidade urbana. Entre suas principais causas estão a preferência por transporte individual, a falta de planejamento urbano e a precariedade do transporte público. Diante disso, adotar ações afirmativas, como a integração de modais e projetos que facilitem a acessibilidade urbana, mostram-se o melhor caminho no combate à essa questão.    Em "Modernidade Líquida", o sociólogo polonês Zygmunt Bauman discorre sofre a superficialidade e a efemeridade dos relacionamentos humanos. Para ele, os laços estão cada vez mais frouxos e líquidos. Por certo sua teoria se relaciona  com a imobilidade urbana no Brasil, visto que o atual panorama do país é embasado na falta de altruísmo, no individualismo e no consumo. Dessa forma, grande parte da população prefere o transporte individual — principalmente, carro e moto — e não oferecem caronas. Com isso, há um inchaço das vias públicas, congestionamentos quilométricos e agravamento da poluição, de acidentes e de estresse.    Nesse ínterim, isso é consequência da falta de planejamento urbano e da má qualidade do transporte público. Isso porque, na década de 1960 houve um incentivo à indústria automobilística, além de uma priorização do modal rodoviário. Assim, faltou investimento em ferrovias, ciclovias e em estrutura nas rodovias que garantisse mobilidade para todos — carros, ônibus, bicicletas, motos e pedestres. Além disso, os transportes públicos são precários, superlotados, inseguros e caros, motivos que deram origem aos movimentos e protestos em junho de 2013.    Fica claro, portanto, que a mobilidade urbana é um desafio que precisa ser solucionado. Logo, faz-se necessário que o Ministério Público invista na integração de modais, investindo em ferrovias e hidrovias, para que haja uma diminuição do inchaço do sistema rodoviário. Além disso, juntamente com a mídia, deve investir em propagandas de conscientização e incentivação de caronas solidárias, em projetos de rodízio de veículos e em construção de ciclovias e ciclofaixas. Por fim, deve dar prioridade aos transportes públicos, investindo em mais acessibilidade e conforto. Talvez assim, consigamos ter uma sociedade mais consciente, que prefira usar o transporte público, diminuindo os engarrafamentos, a poluição e os acidentes de trânsito.