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Enviada em: 03/10/2017

O processo de industrialização brasileira deu-se de forma rápida e desorganizada, ocasionando problemas que até hoje não foram solucionados. Entre eles, encontra-se a questão da mobilidade urbana, a qual apresenta diversas falhas que contrariam a Constituição Federal de 1988, quanto ao direito de ir e vir dos cidadãos. Dessa forma, observa-se que a acessibilidade reflete um cenário desafiador seja a partir de fatores administrativos, seja por razões sociais.       A princípio, é possível perceber que essa circunstância deve-se a questões político-estruturais. Isso se deve ao fato de que, a partir do sucateamento dos transportes públicos, a sua utilização é minimizada e vista como falta de opção, já que não há interferências para mudar tal realidade. Essa conjuntura é ainda intensificada pelas elevações no preço das passagens, que não implicam em melhoras, mas sim na insatisfação popular, fato esse evidenciado nas manifestações de 2013, as quais tinham como um dos motivos o aumento do valor das tarifas de ônibus. Desse modo, o mau gerenciamento desses veículos põe em xeque o bom funcionamento do trânsito.       Além disso, vale ressaltar que essa situação é corroborada por fatores socioculturais. Segundo Zygmunt Bauman, sociólogo polonês, o individualismo é uma das características mais marcantes da sociedade pós-moderna. Sob tal ótica, é inquestionável que essa "cultura do eu" acaba por aumentar o desejo de ter um automóvel próprio, haja visto que a particularização é tida como melhor do que o comunitário. À vista disso, é interessante ressaltar que os apelos midiáticos para a obtenção de transporte individual, acabam fomentando ainda mais esse ideal de exclusividade. Dentro dessa lógica, nota-se que o consumo exagerado acarreta na superlotação das estradas.       Depreende-se, portanto, que atos governamentais potencializam ações populacionais. Torna-se importante que o Estado, na figura do Ministério do Transporte, invista na segurança e confortabilidade de veículos públicos, para que a sociedade os prefira aos privados. Ademais, necessita que a mídia, por meio de intervenções lúdicas, transmita e propague a questão da mobilidade, mostrando a população que quanto mais carros mais caótico fica o trânsito. Com essa medidas, talvez, poder-se-á amenizar essa situação e diminuir os impactos da industrialização.