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Enviada em: 26/09/2017

"Governar é abrir estradas". Com essa frase, o presidente Washington Luís deu início, no final da década de 20, à política rodoviarista, que norteou os próximos governos à assumirem uma postura favorável ao modal rodoviário em detrimento aos outros no país. Contudo, quase cem anos depois, a crise desse modelo traz como consequência um sistema de transporte privado sobrecarregado e caótico e um sistema de transporte público sucateado e muito pouco diversificado. Nesse sentido, a questão da mobilidade urbana traz a tona um problema histórico que deve ganhar ênfase, sobretudo nas políticas públicas, nos governos atuais.       Similar aos incentivos governamentais sobre o setor automobilístico aplicados pelo presidente Juscelino Kubitscheck no final da década de 50, os últimos governos tiveram uma forte preocupação em viabilizar a compra de automóveis no país, por meio da redução de Impostos sobre Produtos Industrializados (IPI), disponibilização de crédito pessoal e adoção de mecanismos de pagamento mais confortáveis aos bolsos da população. Contudo, esse estímulo à aquisição de carros e motos vai de encontro à fluidez da mobilidade urbana nos grandes centros urbanos. O aumento do número de transportes individuais circulantes na cidade, por exemplo, aumentam o congestionamento das vias públicas e consequentemente o tempo de deslocamento.       Ademais é válido destacar que a opção alternativa ao transporte privado, que é o sistema público, encontra-se demasiadamente sucateado e mostra-se pouco eficiente nas grandes cidades. A superlotação dos ônibus e metrôs, as estações passíveis de alagamento nos períodos chuvosos e o alto preço cobrado nas passagens configuram exemplos da situação desse sistema de transporte no país. Além disso, é importante destacar que, no Brasil, a variabilidade nos modais de transporte dentro das cidades ainda é pequena e pouco abrangente, já que, na maioria dos locais, o ônibus e uma pequena malha metroviária configuram como únicas alternativas públicas para se locomover.       É necessário, portanto, que as Secretarias de Transporte dos municípios invistam em alternativas para transporte coletivo dentro das cidades, como a instalação de ciclovias, e em políticas públicas que incentivem o uso desses novos modais, como a redução no Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores (IPV) para as pessoas que fizerem uso desses novos meios de transporte. Ademais, é importante que as empresas privadas estimulem a utilização de modais públicos de transporte entre os funcionários, por meio de bônus no salário dos que optarem por outros meios diferentes do carro, beneficiando assim não somente a mobilidade das grandes cidades como também a produtividade da própria empresa, que decai com as horas perdidas pelos empregados nos congestionamentos.