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Enviada em: 29/09/2017

É notado que durante todo o século XX ocorreu o movimento de êxodo rural, na qual à população rural se locomoveu do campo para os grandes centros urbanos, em busca de condições melhores de vida. Contudo, isso proporcionou um crescimento não planejado nas cidades, onde o fluxo de pessoas se tornou imenso e gerou problemas de locomoção interna. Contudo, além das raízes históricas, a cidade também é prejudicada pelo individualismo associado ao consumismo contemporâneo.       É indubitável que durante a formação republicana, o Brasil desenvolveu diversas políticas quanto aos meios de transportes e aos centros urbanos. Durante o governo Juscelino Kubitschek, a indústria automobilística foi estimulada por multinacionais, aumentando à fabricação de veículos, com foco na região sudeste. Também no seu mandato, foi incentivado à construção de diversas rodovias, usando o pretexto de que "ferrovia era coisa do passado", e, também, por causa da instalação de industrias automobilísticas. Ademais, a má formação urbana também causou uma falha mobilidade urbana atual, seja por meio da falta de políticas para suster o êxodo rural e o uso de planos falhos, como o de urbanização que ocorreu no Rio de Janeiro no começo do século XX, que incentivou a revolta da vacina e  levou a população pobre a invadir os morros, surgindo as favelas, sem estruturas de mobilidade.       Além disso, segundo o sociólogo polonês, Zygmunt Bauman, vivemos num período compreendido como "modernidade líquida", na qual as relações entre as pessoas se "liquefazem" rapidamente, caracterizado pela perda da identidade coletiva e a transformação do cidadão em consumidor. Nesse âmbito, o incentivo a compra de carros, o uso desses no lugar de transportes coletivos que podem ocupar menos espaço nas ruas são consequências da política consumista capitalista, provocando engarrafamentos e prejudicando a mobilidade urbana.       Infere-se, portanto, que a mobilidade urbana ainda é afetada por ações passadas e por políticas capitalistas. Sendo assim, cabe ao Ministério dos Transportes implementar políticas que incentivem o uso de transporte coletivo, seja melhorando a qualidade do transporte coletivo, o tornando mais atrativo a população ou implementar outras formas de deslocamento no país, como hidrovias ou metrôs. Ainda cabe à mídia incentivar o uso de meios de locomoções alternativos no lugar dos convencionais automóveis, sendo bicicletas e "hoverboards" opções viáveis, e que se adequam a política consumista. Ademais, o indivíduo deve ter consciência das suas ações individualistas em relação a mobilidade urbana, sabendo que ao utilizar transportes "tradicionais" ele pode aumentar as lentidões nos centros urbanos, e ao saber disso, deve optar por outras formas de locomoção.