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Enviada em: 03/10/2017

Segundo o sociólogo Émile Durkheim, a sociedade pode ser comparada a um corpo biológico, pois ela é formada por partes integradas. Decerto, para que esse organismo seja harmônico, é essencial o pleno funcionamento de todas suas estruturas. Contudo, no Brasil, a crise na mobilidade urbana rompe esse equilíbrio. Nessa perspectiva, deve-se analisar como o pensamento capitalista e a ineficiência do Poder Público potencializam tal problemática.     A ótica capitalista é um forte impulsionador do problema na mobilidade urbana. Isso decorre desde o governo Juscelino Kubitschek, no qual o sistema rodoviário cresceu e a indústria automobilística consolidou-se, transformando o carro em símbolo de ascensão social. A sociedade, então, por tender a incorporar os comportamentos de sua época, como defendeu o sociólogo Pierre Bordieu, naturalizou esse ordenamento e passou reproduzir tal prática consumista. Em razão disso, o número de carro torna-se cada vez maior, afetando a dinâmica do trânsito- longas filas quilométricas de carro estagnadas- e causando prejuízos ambientais, como o aumento da poluição.    Além disso, a inaptidão do Estado colabora com o impasse. Isso ocorre, porque o Poder Público não investe suficientemente no setor de transporte público, ocasionando problemas, como a superlotação e o sucateamento de vários veículos. Consequentemente, parte da população adere ao transporte individual, aumentando a frota de veículos e a outra parte, sem condições, torna-se vítima da falha do governo, tendo sua saúde afetada- como destacou a Organização Mundial da Saúde-  e até mesmo seu rendimento no trabalho prejudicado.    Destarte, percebe-se a necessidade de reverter as dificuldades na mobilidade urbana. Para isso, cabe ao Governo cobrar pedágios em trechos de grande movimento, visando diminuir a frota de transportes individuais. Ademais, o dinheiro arrecado por essa prática deve ser investido, para melhorar a qualidade do transporte público, estimulando o uso desses veículos. Outrossim, as escolas, baseadas em aulas de Geografia e Sociologia, devem realizar produções culturais, a fim de desconstruir o pensamento consumista já enraizado na sociedade e de mostrar as consequências negativas do aumento exacerbado de automóveis. Assim, o corpo biológico brasileiro dará um grande passo para a consolidação de sua paz social.