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Enviada em: 07/05/2018

A arte e sua definição vem sendo discutida há tempos. E, ao longo da história, os pensadores da Filosofia da Arte e Estética se preocuparam em obter um conceito universal. Porém, com a diversidade de expressões em constante transformação, a possibilidade de racionalizar a arte cada vez mais parece distante. Assim, considerando-se que o viés da "boa arte" não existe, a arte deve ser entendida como uma experiência, conforme John Dewey. E a partir daí, é perceptível que os maiores desafios que artistas brasileiros enfrentam envolve a conceituação de arte e o descaso de suas experiências.       No Brasil, a arte do grafite, por exemplo, recentemente foi questionada pelo prefeito João Dória ao anunciar que vários painéis seriam apagados. Reativamente, artistas criticaram e especialistas em arte urbana divergiram em suas opiniões sobre o fato. No que tange o conceito de arte, Dewey a toma como experiência e uma ligação essencial com o cotidiano. Onde o ato de se expressar deve ser valorizado sempre. No fim, as obras são meios singulares de comunicação entre homens em um mundo cheio de abismos e muralhas. Logo, qualquer expressão é válida e, de maneira alguma, não deve ser julgada em uma escala de valores na qual se define o que é arte e o que não é.           Pactuando com esse viés, podemos associar a análise do antropólogo e professor da Universidade Federal de São Paulo,  Dr. Pereira, que reconhece as pichações pela cidade, como forma de oferecer visibilidade e projeção social a jovens invisíveis da periferia, uma ferramenta utilizada no mundo desses jovens para partilhar seu cotidiano. Desta forma, sua arte, projetando suas vidas, também é à margem, não reconhecida, recalcitrante.       Quanto o descaso, inúmeras atitudes frente a produção cultural pululam. Uma delas, citada por Paulo Herkenhoff, diretor do Museu Nacional de Belas Artes, aponta a inversão de valores na época de comemoração de 500 anos de descobrimento do país, onde o então presidente da república repassou a um banco a tarefa de organizar uma exposição. Espantoso, mas real.           Nesse sentido, é perceptível que a arte como expressão de uma experiência com o cotidiano vem sido desrespeitada em nosso país. Praticamente é tida como um efeito de aculturação onde arte "de verdade" deve ser "x". Onde selecionam "x" obras, com senso estético "y" e o que não se encaixa, além de não ser reconhecido, mal tem acesso a financiamentos e projeções. Pois o que impera são modelos copiados de outros países, principalmente os EUA. Desta forma, é preciso para mudar esse cenário fomentar expressões artísticas diversas, respeitando a diversidade cultural e, ao mesmo tempo, restruturar a forma com que lidamos com a arte.