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Enviada em: 05/05/2018

Em 1917, foi publicado no jornal "Estado" uma crítica realizada pelo escritor Monteiro Lobato direcionada à exposição da pintora modernista Anita Malfatti, que ocorria em São Paulo. Anita foi hostilizada e teve sua arte julgada como anormal pelo anti-modernista. Nesse contexto, após 100 anos da resistência da pintora pela valorização da sua arte, o Brasil ainda vivencia desafios no concerne à democratização e produção artística no seu território. Seja por fatores de ordem econômica ou social, a problemática instala-se.  Convém ressaltar, a princípio, que a não democratização da arte é um dos principais desafios atualmente. É possível perceber que as apresentações artísticas possuem um formato elitista e tornaram-se sinônimo de poder e status, sendo restritas a apenas uma parte da população e tornando-se invisibilizadas para outra, excluindo as classes mais baixas de frequentarem teatros ou museus por considerarem esses espaços um meio de segregação social. Sob esse viés, nota-se, portanto, que essa problemática já se inseria no século XIX e foi revolucionada pelo artista pós-impressionista Vincent Van Gogh, que acreditava no conceito de uma arte para o desprivilegiado e que deveria servir, antes de mais nada, a uma sociedade mais pobre. Vale ressaltar, também, que a estereotipação da arte é um problema, visto que tem como principal consequência a sua desvalorização. É notório que as produções artísticas na contemporaneidade estão restritas à uma visibilidade seletiva, na qual há a valorização de algumas profissões em detrimento de outras. A partir disso, a mídia torna-se um meio de veiculação para as artes mais sofisticadas, como filmes e seriados, fazendo a população crer que são únicas e, marginalizando assim, outras produções, como a dança e o grafite. Ademais, nota-se a falta de incentivo nas escolas, uma vez que artes é julgada inferior em detrimento de outras matérias, plantando o sentimento de desvalorização nas crianças e, consequentemente, extinguindo-as do interesse pelas produções artísticas no futuro. Devido aos desafios supracitados, é imprescindível a participação de iniciativas privadas para a criação de eventos culturais abertos ao público, a exemplo do Itaú Cultural, com o objetivo de incentivar a produção artística, tal como tornar um espaço de inclusão social para as classes mais baixas, reafirmando o conceito de arte dito por Van Gogh. Ademais, é dever da escola ministrar projetos culturais com dança e teatro, bem como visitas a museus, com o intuito de instigar o sentimento artístico nas crianças e jovens. Além disso, cabe à mídia abrir espaços voltados à divulgação das artes marginalizadas, em novelas jovens como "Malhação", a fim de levar informação e quebrar paradigmas. Só assim, será reforçada a resistência de Anita Malfatti pela valorização e democratização da arte.