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Enviada em: 02/05/2018

A arte como profissão marginalizada       Os desafios da produção artística no Brasil são um problema persistente no nosso país, embora pouco colocados em pauta. Essa negligência em relação aos artistas se dá muitas vezes pelo governo, mas suas raízes são firmadas no pensamento de grande parte da sociedade que chama-os de "vagabundos", ou dizem que somente querem se aproveitar dos benefícios dados pelo Estado. Este, por sua vez, dá incentivos insuficientes aos criadores de arte, que acabam precisando fazer disso um hobbie, não um trabalho.      Esse cenário se agrava mais ainda com a perseguição indireta que produtores musicais, artistas plásticos, escritores, etc., sofrem. Enquanto os antigos artistas (como Machado de Assis ou Tarsila do Amaral) são aclamados e vistos como heróis culturais, os atuais têm pouca aceitação e não podem exibir seu trabalho, com algumas exceções, como pode ser visto pelos artistas que estão na mídia, estes que são exaltados pelas mesmas pessoas que julgam os menos conhecidos, demonstrando grande hipocrisia.       Não somente a sociedade, mas o governo também possui falhas em relação ao assunto. A falta de incentivo é algo muito presente, principalmente para artistas menores e com pouca visibilidade. Isso é comprovado até mesmo pela Lei Rouanet, criada pelo Governo Collor em 1991, que tinha como foco os criadores menos conhecidos, mas acaba concentrando suas arrecadações em grandes eventos. As palavras de Jean-Jacques Rousseau descrevem muito bem a vida de um artista no Brasil: "O homem nasce livre e por toda parte encontra-se acorrentado". Afinal, embora a liberdade exista na teoria, na prática o artista não consegue exercer plenamente sua profissão devido a limitações implicitamente impostas.       Para que se resolva esse problema, é necessário um movimento do governo em prol dos pequenos artistas. Leis que distribuam mais igualitariamente os recursos destinados ao apoio cultural se fazem essenciais, para que quem está começando na carreira receba visibilidade. A escola deve também tomar partido, influenciando seus estudantes a gostar mais das artes, com uma política menos teórica e mais prática de inserir o aluno nesse mundo. Essa mudança afetará a sociedade diretamente, pois as mentes em formação sairão do ambiente de ensino com uma consciência mais ampla da importância da arte e da cultura. Deste modo, os artistas poderão manter ativo o pulso da cultura, elemento tão forte na construção do Brasil.