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Enviada em: 02/05/2018

Desde o iluminismo, entende-se que uma sociedade só progride quando um se mobiliza com o problema do outro. No entanto, quando se observa os desafios da produção artística no Brasil, hodiernamente, verifica-se que esse ideal é constatado na teoria e não desejavelmente na prática e a problemática persiste intrinsicamente ligada à realidade do país, seja pela cultura deturpada dos setores da sociedade civil, seja pela atuação insatisfatória do poder público. Nesse sentido, convém analisar as principais consequências de tal postura negligente para a sociedade.        É importante elucidar, nessa temática, que o preconceito da sociedade ainda é agente ativo na segregação das pessoas que trabalham como grafiteiros. Um exemplo disso é polêmica envolvendo o prefeito de São Paulo João Doria, o qual aplicou o projeto “São Paulo Cidade Limpa”, que não foi bem aceito por ativistas por promover a pintura dos grafites. Seguindo essa linha de raciocínio, o historiador Nicolau Maquiavel sustenta a ideia que os preconceitos têm mais raízes do que princípios. Assim, uma mudança nos valores da sociedade é imprescindível para transpor os desafios da temática.        Além disso, é indubitável que a questão constitucional e sua aplicação estejam entre as causas do problema. Tal fato se reflete nos escassos investimentos governamentais no que diz respeito a democratização da produção artística no país, logo constata-se que não há suporte necessário para inclusão dos marginalizados da sociedade – descumprindo, então, o artigo 7 da Constituição Federal, o qual afirma ser dever estatal garantir a melhoria de condições de vida, visando a concretização da igualdade social.        Portanto, necessita-se, urgentemente, que o Tribunal de Contas da União direcione capital que, por intermédio do Ministério da Cultura, será revertido na promoção do incentivo à produção artística, com o intento de democratizar esse meio. Ademais, como já dito pelo pedagogo Paulo Freire, a educação transforma as pessoas e essas mudam o mundo. Logo, o Ministério da Educação deve instituir, nas escolas, palestras ministradas por sociólogos, historiadores e arquitetos e urbanistas, que discutam sobre a importância cultural e social dos grafites, a fim de que o tecido social se desprenda de certos tabus para que não viva a realidade das sombras, assim como na alegoria da caverna do filósofo Platão.