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Enviada em: 07/05/2018

" Apagaram tudo, pintaram tudo de cinza". Esse trecho da música "gentileza", de Marisa Monte, ilustra bem o cenário da produção artística no Brasil, que ainda é desvalorizada. Nesse contexto, políticas públicas que não só garantam o acesso às diversas formas de produção artística, mas também valorizem essas produções são indispensáveis, devido ao caráter identitário da arte.       A Constituição Federal, em seu artigo 215, garante a todos o pleno exercício dos direitos culturais e acesso às fontes de cultura nacional. Entretanto, observa-se que a maior parte dos locais onde ocorrem os eventos artísticos localizam-se nos centros urbanos. Desse modo, artistas da periferia, os quais não tiveram acesso aos diferentes tipos de arte e que, por fatores socioeconômicos, não desenvolveram boas técnicas se comparadas aos artistas com maior poder aquisitivo, acabam tento o grafite e a pichação - muitas vezes reprimidos - como única forma de expressar a realidade em que vivem.       Apoiar iniciativas vindas dos próprios cidadãos, que valorizem e possibilitem o alcance à arte, também é importante. Um excelente exemplo disso é a oficina de música realizada pela ONG Ação Comunitária do Brasil do Complexo da Maré, no Rio de Janeiro, que oferece uniformes, material didático, instrumentos novos, bolsa escola e alimentação para crianças em situação de vulnerabilidade social. Nessa perspectiva, o Governo deve, com o apoio da sociedade civil organizada, agir em prol de atividades como essa, possibilitando uma melhor infraestrutura para o desenvolvimento do projeto e dando a ele maior visibilidade e abrangência.       Urge, portanto, que promover a descentralização da arte e apoiar iniciativas de valorização e acessibilidade da mesma são caminhos que precisam ser trilhados. Dessa forma, além das medidas anteriormente citadas, o Estado, através do Ministério da Cultura, deve desenvolver e apoiar projetos como teatro, biblioteca e oficinas intinerantes, com o intuito de levar arte às favelas e às pequenas cidades que geralmente estão muito afastados dos centros urbanos. Afinal, somente promovendo a inclusão artística é possível pensar na valorização e preservação da  identidade cultural brasileira.