Enviada em: 25/06/2017

Definir Arte não é tarefa simples e, desde a Grécia Antiga, permeiam-se discussões sobre o seu valor e finalidade. Platão a entendia como sendo "a cópia da cópia" e, por afastar ainda mais o homem da verdade, em certa medida a desaprovava. Já Aristóteles via nesse tipo de expressão humana uma forma de promoção de uma catarse salutar, levando o indivíduo ao contato com importantes sentimentos e experiências. O que se tem por certo é que a Arte carrega em si um alto grau de subjetividade, o que inviabiliza o uso de critérios rígidos e unidimensionais para defini-la ou mesmo avaliá-la.       Um dos fatores a ser considerado nesse âmbito é o dinamismo e mutabilidade que as formas de expressão artística sofrem ao longo dos tempos. Em uma época, como no Renascimento, a "boa arte" era representada por formas simétricas e harmônicas. Tempos depois teria-se, no Cubismo, a qualidade sendo traduzida por figuras disformes e desproporcionais. Esse mesmo fenômeno se dá com a música, a poesia e demais formas de produção e mostra que não é possível desvencilhar uma obra de seu contexto histórico, sociocultural e mesmo político.        Ao se considerar a produção artística no Brasil, outro aspecto que se torna relevante, além do pouco incentivo às manifestações culturais, é a existência de uma certa segregação das artes consideradas populares, como o que foi visto, recentemente, em relação aos grafites apagados na cidade de São Paulo, a mando da Prefeitura. Com esse ato, o gestor da cidade pareceu querer impor sua concepção de Arte aos demais cidadãos e impedir a disseminação da diversidade cultural, imprescindível em um país que se diz democrático.       Não há, portanto, como pretender que a Arte se enquadre em padrões inflexíveis e maniqueístas, sobretudo em um país de pluralidades como o Brasil. Ademais, as diversidades artísticas devem ser respeitadas e incentivadas por meio de políticas e ações sociais e governamentais que oportunizem o conhecimento e produção das mais variadas formas de expressão artística, através da realização de oficinas em escolas e comunidades e a criação e difusão de Centros Artístico- Culturais. Afinal, o acesso à cultura também compõe o rol dos direitos constitucionais do cidadão brasileiro.