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Enviada em: 23/06/2017

No processo de redemocratização brasileira, políticas públicas voltadas para a solidificação da produção artística foram implementadas na medida que eram necessárias, devido a carência de investimentos nesse setor durante o regime militar. Entretanto, o que se tem visto são dificuldades no que tange ao efetivo respaldo econômico e social para que a produção artística seja potencializada, o que promoveria, sem dúvidas, um entendimento mais lúcido, por parte da sociedade, da importância desse veículo cultural.      A problematização inicia a partir do momento em que é nítida a falta de interesse de alguns setores sociais em promover  eventos artísticos nos quais o objetivo final não é garantir a rentabilidade, mas sim o usufruto de um indivíduo em relação a arte exibida. No século XX, A Escola de Frankfurt elaborou uma teoria conhecida como "Indústria Cultural" a fim de explicar o nocivo processo mercantilização da cultura intrínseco às sociedades contemporâneas, incluindo o caso brasileiro. A dificuldade de subsistência em um sistema que não acolhe as manifestações em seu sentido mais amplo ratificam essa relação estabelecida pelos sociólogos alemães.     Aliado a condição econômica, o desafio em democratizar o acesso a cultura converge para uma questão de hegemonia de classes, visto que a negação desse processo acarreta em um efeito que, por sua vez, dificulta o entendimento de grupos sociais populares enquanto produtores e consumidores de arte. Os direitos culturais são parte integrante dos direitos humanos, nesse sentido, a negligência estatal no que se refere a promoção de atividades inclusivas nesse âmbito correspondem, naturalmente, a um grave processo de segregação. Intensificando, portanto, um abismo social ainda mais notório, afinal, aqueles que detêm um poder aquisitivo maior são, naturalmente, privilegiados na medida em que o acesso torna-se mais fácil.      Compreende-se, portanto, que os empecilhos encontrados devem ser enfrentados através de iniciativas inclusivas a fim de possibilitar que a pluralidade artística seja cultivada. Nesse sentido, medidas aplicadas pelo Ministério da Cultura, garantindo investimentos maciços em projetos e fundações como a da Biblioteca Nacional tornam-se alternativas efetivas. No âmbito educacional,a adaptação na grade escolar mostra-se uma opção viável para que ,através do diálogo, o Ministério da Educação realize mudanças para que nas secretarias locais sejam incentivados eventos no ensino infanto-juvenil no intuito de fortalecer a base cultural dos futuros cidadãos. Dessa maneira, a sociedade civil, aliados aos setores político-administrativos conseguirão implementar uma lógica menos voltada a arte rendida a fins puramente rentáveis e, naturalmente, cultivarão um terreno para que a arte alcance seu espaço merecido.