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Enviada em: 24/06/2017

Folha em branco     Partindo do seu processo histórico, desde 1922, as reflexões sobre a produção artística no Brasil se fazem emblemáticas. Enquanto, no início do século XX, houve a Semana de Arte Moderna, movimento patrocinado pela elite paulista e que abordou aspectos sociais da época, na contemporaneidade, pode-se observar que esse auxílio não é universal. Nesse contexto, é imperativo entender que, apesar de ser um quesito assegurado pelos Direitos Humanos, há uma desigualdade em relação a esse tipo de investimento o que afeta diretamente a produtividade cultural.    Em primeira instância, é preciso considerar o incentivo cultural. Em 1991, foi criada a lei Rouanet, que institui a possibilidade de empresas e do cidadão aplicarem uma parte do imposto de rendas em ações culturais. No entanto, há uma concentração de verbas em determinadas regiões do Brasil. Segundo dados do Ministério da Cultura, aproximadamente, oitenta por cento da quantia destinada à produção artística está no Sudeste e menos de um por cento no Norte do Brasil. Essa discrepância pode ocorrer devido à falta de conhecimento nacional dessa lei. Nessa perspectiva, é natural afirmar que essa desigualdade de investimento em cultura prejudica a composição de obras em outros estados nacionais.    Ademais, chega-se a uma representativa questão: a reforma do ensino médio. John Locke desenvolveu a Teoria da Tábula Rasa cujo objetivo central era o combate ao conhecimento inato, pois, para ele, o indivíduo é uma “folha em branco” que precisa ter experiências de vida a fim de preencher esse “papel”. Com a modificação da grade curricular do segundo grau, as disciplinas de artes, educação física, filosofia e sociologia deixaram de ser obrigatórias, o que afeta o acesso a essas ciências e o desenvolvimento de senso crítico. Dessa forma, o cidadão não terá conhecimento e experiência técnica referente à arte, logo, a "folha" continuará em branco no quesito produção artística.      Fica evidente, portanto, que a síntese cultural não é universal e medidas devem ser elaboradas para minimizar essa problemática. Diante disso, propagandas sobre a Lei Rouanet deverão ser transmitidas pelos meios de comunicação governamentais, como o programa de rádio “Hora do Brasil”, a fim de aumentar o seu conhecimento e promover uma produção artística mais equilibrada no país. Além disso, o ministério da educação deverá atuar na reforma do ensino médio, dispondo a obrigatoriedade das disciplinas de arte, educação física, filosofia e sociologia para promover o conhecimento e técnicas para os alunos. Outrossim, a família deverá atuar no capital cultural dos filhos, levando-os para visitar museus, teatros e galerias de artes, assim, contribuindo para o preenchimento da “folha em branco”.