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Enviada em: 10/07/2017

Um possível paralelo com a atual crise da produção artística no Brasil, pode ser feito com a música "Não é Sério", da banda Charlie Brown Jr. Assim como o "jovem brasileiro não é levado a sério", refrão da canção, a sua expressão em arte tão pouco é. Em tese, a criação artística nunca teve relevância para o país, salvo quando atende os gostos das classes dominantes, como aconteceu na Semana de Arte Moderna em 1922.  Neste sentido, a arte de rua é tida pela população como poluição visual e por vezes foi tratada como tal por aquele que deveria ser o seu principal mecenas: o Estado. Do mesmo modo aconteceu em São Paulo este ano; uma ação da prefeitura revela a visão distorcida da arte de rua: com o programa "São Paulo Cidade Linda", manifestações urbanas em grafite e pichação foram "apagadas" da cidade. Logo, apagou-se junto a projeção social para o jovem autor - que na maioria das vezes é da periferia - e, dessa forma, não é visto como um artista, mas sim como um vândalo, infelizmente.  Na prática, o conceito de belo do brasileiro é ultrapassado porque têm-se como belo somente aquilo que agrada os olhares da burguesia, todo o resto é considerado transgressor; assim, negar as diversas expressões de arte equivale a silenciar a individualidade humana. Afinal, o que seria de Picasso, Salvador Dali ou Romero Britto se a sua arte fosse reprimida por aqueles que não à tem simpatia? Com certeza, não teríamos tantas produções artísticas para admirar.  Destarte, valorizar a formação artística, principalmente a urbana, é dar chances para o jovem brasileiro ser levado a sério, como desejava o compositor Chorão. Assim sendo, o Ministério da Cultura e da Educação podem investir em propagandas que enalteçam as diferentes noções de arte a fim de minimizar os preconceitos estabelecidos. Por fim, cabe as escolas e a sociedade promover eventos culturais que englobam as produções artísticas individuais, com o intuito de evidenciar a importância da singularidade humana.