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Enviada em: 19/07/2017

Desde os primórdios da vida humana, muitos indivíduos usam a arte de acordo com seus interesses. Esta muda conforme o tempo, o lugar e o contexto histórico. No Brasil contemporâneo, a Arte de Rua mostra-se como a arte dominante em várias cidades e se apresentou como um problema cuja solução por parte de certas autoridades se tornou um obstáculo para os artistas deste movimento.             Segundo o filósofo estadunidense Morris Weitz, o conceito de arte não pode ser definido, visto que se trata de um conceito aberto que envolve questões como o contexto histórico, a subjetividade humana, a época, entre outras. Desta forma, é algo em constante mudança que não pode ser definido logicamente. Na época da ditadura militar no Brasil, por exemplo, algumas músicas como "Cálice", de Chico Buarque, foram importantes obras que denunciavam a realidade da época. Estas obras foram formas artísticas que tiveram propriedades diferentes em relação às de outros tempos para se adequarem ao contexto em que foram produzidas.             Além disso, nos dias atuais a arte de rua é um movimento artístico que, no Brasil, teve início na década de 1980. Através de "grafites" e "pichações", produzidas geralmente em muros urbanos, muitos artistas se expressam. Entretanto, um obstáculo foi imposto a eles quando no dia 17 de janeiro de 2017 o prefeito Dória, da cidade de São Paulo, anunciou, através de um discurso intolerante, que cobriria as pichações da rua 23 de Maio para o programa Cidade Limpa. Anunciou, também, a pretensão de selecionar artistas de rua para produzirem arte, em uma área limitada, visto que pichações que o governo local quer cessar não são consideradas artes por estes e, sim, vandalismo.            Porém, esta medida, além de excluir muitos artistas e tirar seu direito de liberdade de expressão previsto na Constituição, mostra-se, também, como uma tendência preconceituosa, visto que a postura do prefeito e dos que corroboram com suas ideias é impositiva e limita formas importantes de manifestação cultural na cidade. Ademais, estas formas de expressão não deveriam ser inibidas, pois podem funcionar como veículo de denúncia da desigualdade social no país, visto que a arte de rua é o meio que muitos encontram para se comunicarem por não possuírem condições socioeconômicas de se expressarem de maneira legal em espaços autorizados. Assim, é um problema socioeconômico.             Logo, o impasse deve ser resolvido. O Ministério da Cultura deveria disponibilizar mais espaços públicos para os artistas de rua além de promover a tolerância a novas formas de arte, uma vez que limitar a arte de rua é limitar a manifestação cultural. Ademais, se houvesse maior igualdade social no país, muitas pessoas poderiam recorrer a outros meios legais para se expressarem. Assim, é necessária uma melhoria no sistema educacional, visto que a educação pode diminuir a desigualdade.