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Enviada em: 27/07/2017

Nas décadas de 60 a 80 do século passado, produzir arte, no Brasil, não era das tarefas mais fáceis. Sob o regime ditatorial militar, como nos informa a história, vários foram os artistas que tiveram que enfrentar o desafio da repressão ante a arte que produziam. Após a redemocratização, esse desafio ficou superado, mas outros viriam pela frente. Atualmente, a banalização do conceito de arte e a consequente desvalorização desta são grandes desafios para a produção artística brasileira. Afinal de contas, o que é arte? Encontrar uma resposta a esta pergunta não é tarefa fácil. É bem provável, na verdade, que grande parte das pessoas não saibam respondê-la, assim como grandes filósofos também não. Tal dilema, no entanto, tem sido resolvido por muitos de um modo um tanto quanto leviano. Por exemplo, uma das vanguardas artísticas modernas, o dadaísmo, é responsável pelo modo de fazer arte, segundo o qual um mictório pode ser considerado produção artística. Ora, o produto que é arte difere de outras produções. Banalizar o conceito de arte dessa maneira pode fazer com que jovens não se interessem pela carreira artística. Pode, também, enfraquecer o desejo do cidadão comum de consumir a arte produzida nacionalmente. Banalizar o conceito de arte, portanto, pode resultar na desvalorização da produção artística. Isto, porque o produto dessa "arte" banalizada estará em total desacordo com o que pensa o cidadão comum. Este valoriza, não aquilo que sabe conceituar, mas aquilo que lhe causa boas impressões, que lhe remete a sentimentos, que o faz pensar, enfim, que sejam do seu agrado, por assim dizer. Ele encontra a arte muito mais do que a define. Talvez, esteja certo Chesterton, quando afirma que, muitas vezes, achamos mais sabedoria no cidadão comum que no homem letrado. Talvez, seja esse, mesmo, o melhor modo de pensarmos em relação à arte: encontrá-la mais, conceituá-la menos. E, pensando assim, concluiremos que, nos nossos dias, é possível que pouca arte seja encontrada na produção artística brasileira, restando esta desvalorizada. Desse modo, verifica-se a necessidade de que medidas sejam tomadas, tanto pelo poder público como pela sociedade civil, que promovam a reversão do quadro. Deve o Ministério da Cultura, em parceria com o Ministério da Educação, promover palestras, campanhas e folhetos, informando da natureza e importância da produção artística, a fim de evitar a sua banalização. Devem as Secretarias de Cultura estaduais e municipais incentivarem a produção de arte, através de cursos, workshops e exposições. E a sociedade civil, por sua vez, deve, através das escolas, associações de artistas e famílias, promover a produção de arte verdadeira e de qualidade, através da educação escolar, da boa leitura, da divulgação da arte, do ensino familiar, a fim de que a produção artística brasileira supere seus desafios.