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Enviada em: 02/08/2017

Diante da falta de definição para Arte, o público leigo não a identifica em formas mais simples. Em São Paulo o resultado foi o apagamento dos grafites, arte de parede, acinzentando a cidade. Essa ocasião representa o que desrespeito, assim como desconhecimento dos seus formatos de expressão, fazem à arte. Sob essa ótica, o Brasil apresenta diversos desafios para produção artístico-cultural.    Primeiramente, a falta de investimento reduz a qualidade do trabalho. O século V a.C em Atenas, graças aos substanciais incentivos fiscais à cultura, culminou no surgimento de pensadores importantes até hoje, como Sócrates e Platão. Portanto, fica comprovada a correlação entre os recursos fornecidos e a qualidade artística. Entretanto, o Brasil investe somente 0,15% do Produto Interno Bruto, de acordo com o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), reduzindo as possibilidades do produtor.    Em contraponto, a desvalorização artística faz com que mesmo quando há investimentos, como a lei Rouanet que garante financiamento, por parte do governo, de projetos culturais, estes sejam retaliados pela população. Um exemplo é a recusa da Claudia Leite em receber o auxílio, diante das críticas. Vale ressaltar o conceito de Nelson Rodrigues sobre o "complexo de vira-lata" do brasileiro, onde este inferioriza a nação em detrimento das demais, resultando em descredibilidade das produções nacionais, como os filmes. Ademais, o sistema educacional, que, após a Revolução Industrial no país, passou a valorizar somente a formação de mão de obra e desautorizar a produção cultural, também é motivador para a desqualificação da arte brasileira.    Não obstante, a fetichização da mercadoria, segundo o sociólogo Karl Marx, faz com que o produto assuma valor próprio, subestimando o trabalhador, desumanizando-o. Nesse âmbito, o artista é visto como alguém que não trabalha, tendo salários baixos, enquanto sua produção é aceita como importante em alguns meios, como a publicidade. Por fim, a baixa remuneração do artista resulta no desincentivo ao ingresso na área, já que a arte deixa de ser vista como meio de produção de renda.    Considerando a importância da arte para o desenvolvimento criativo do indivíduo, são necessárias medidas de reparação aos fatos citados. Em primeiro plano, o governo deve aumentar os incentivos fiscais para a cultura, a fim de aumentar sua qualidade. A longo prazo, o Ministério da Educação pode dar maior valor à esse setor dando maior carga horária ao mesmo nas escolas, bem como valorizando as produções nacionais através das aulas de arte, focando em formar cidadãos com potencial inventivo. Por fim, a mídia deve colaborar valorizando os profissionais e não somente o produto, através da divulgação de eventos culturais, exposições, peças e filmes nacionais. Desse modo, o quadro se reverterá.