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Enviada em: 22/08/2017

O papel social da arte, de influenciar um olhar crítico nos indivíduos sobre as problemáticas sociais, é conhecido desde a antiguidade. Tal afirmativa é expressa na célebre frase do filósofo Platão: ” o bom é belo e o belo é bom”, evidenciando uma correlação entre ética e estética. Não obstante, na contemporaneidade do Brasil, os empecilhos à produção artística mostram-se como uma forma de obstruir tal função de extrema importância social, seja pelos efeitos da cultura de massa, seja pela carência de políticas que fomentem o pleno desenvolvimento artístico.      Primordialmente, a massificação dos gostos, atualmente, tem se mostrado um obstáculo à produção artística. Esse fenômeno social, como alarmado pelos filósofos Theodor Adorno e Max Horkheimer, é consequência dos efeitos da indústria cultural, cujo objetivo é veicular valores favoráveis ao capitalismo, como a negação das contradições sociais e o consumismo. Destarte, a homogeneização dos comportamentos e das preferências artísticas, tais como a moda, a música e as produções cinematográficas, favorecem os frutos artísticos de países dominantes em detrimento da arte nacional. Logo,nesse contexto, a arte perde a sua função social de denunciar e esclarecer as problemáticas da sociedade como outrora. Exemplo disto foi o papel crucial de autores da literatura brasileira, como Graciliano Ramos em Vidas Secas, no despertar de um olhar crítico para as mazelas da sociedade brasileira.    Outrossim, a ausência de uma política contínua de incentivo às produções artísticas é uma barreira para a valorização da mesma. Isso é decorrente da histórica formação política da sociedade brasileira, majoritariamente marcada por longos períodos de censura, a exemplo da época do Estado Novo e da Ditadura militar. Dessarte, impregnou-se um olhar marginalizador, tanto do governo, quanto da sociedade, aos artistas que produzem as suas obras dissonantes dos interesses políticos predominantes. Assim, as consequências de tais características interferem negativamente no mercado de trabalho do artista hoje em dia, bem como no seu ativismo político e em sua formação profissional.       Sendo assim, é preciso que ações sejam efetivadas a fim de amenizar tal problemática. Para isso é necessário que o Ministério da Cultura  subsidie os autores de arte no país, através de uma distribuição mais igualitária dos recursos da lei de Incentivo à Cultura, a fim de de facilitar o alcance de tais conteúdos pela população brasileira. Ademais, o incremento de disciplinas na matriz curricular das escolas de ensino básico pelo Ministério da Educação, que visem o desenvolvimento de um olhar crítico nos alunos sobre as diferentes formas de arte, é de extrema importância para essa causa. Quem sabe assim tal impasse possa ser superado.